quarta-feira, 8 de julho de 2009

A crise mundial, uma gripe suína e nossa campanha de vacinação

Era só o que nos faltava: uma gripe fatal a se espalhar por todo o mundo. Considerando as informações provenientes do Ministério da Agricultura, apesar de não haver nenhum suíno gripado, a gripe é suína. Na esteira da gripe aviária, que de fato transitava tanto nos organismos das aves quanto nos dos humanos, já batizaram essa gripe de humanos como gripe suína, em função do comportamento dos antepassados do vírus causador da doença. É possível que o consumidor assuma um comportamento cauteloso e, para variar , daqui a pouco vai sobrar carne de porco no mercado...

Naturalmente, o ser humano reage desta forma. É instintiva essa postura cautelosa, mesmo que não esteja amparada pela racionalidade absoluta. Tal postura se verifica indiscriminadamente, até mesmo quando se trata de questões econômicas e é por isso que o economista Douglas North, vencedor do prêmio Nobel de 1993, defende tão intensamente a consolidação das instituições dos países como estratégia fundamental para o crescimento de um país. Instituições sólidas, que podem ser traduzidas como legislação clara, garantia do direito à propriedade, validade de contratos e um judiciário eficaz, além de marcos regulatórios ordenados por agências firmes e atuantes, propiciam a segurança necessária para que investidores atuem, desencadeando o crescimento econômico tão necessário a um país.

Como que a ratificar esta afirmação, existe uma sincronia muito clara entre a democratização brasileira, com o conseqüente fortalecimento de nossas instituições, e o crescimento econômico de nosso país nos últimos anos. Neste período, pudemos experimentar eleições presidenciais livres e diretas, impeachemeants e reeleições. De maneira similar a este cenário político, assistimos ao pleno exercício da liberdade de imprensa e do Ministério Público, conquistas fundamentais da constituição de 1988, capazes de colaborar com o fortalecimento de nossas instituições de maneira decisiva. Foi diante deste cenário que o Brasil pode combater a inflação através do plano Real, desestatizar a economia, conviver com um Banco Central independente e receber investimentos nacionais e estrangeiros. Foram estes investimentos que desencadearam o crescimento econômico capaz de colaborar na transformação de nosso mercado interno ao ponto deste tornar-se o diferencial brasileiro quando observamos o impacto da crise mundial em nossa economia.

De maneira incrivelmente similar, nossos compradores de carne bovina também reagem positivamente a um sistema de produção confiável, “institucionalmente” consistente. Neste caso, o “institucionalmente consistente” significa um sistema de produção que esteja devidamente imunizado contra a febre aftosa e que não esteja exposto ao risco de ser contaminado pela doença da vaca louca,por exemplo . Havendo dúvidas ou inseguranças, o princípio da precaução prevalece e muitos negócios deixam de ser efetivados. Esta é uma boa razão para, novamente, seguirmos rigorosamente as recomendações da Secretaria de Agricultura e vacinarmos nossos bovinos de acordo com a faixa etária recomendada. O nosso rigor, a seriedade com que os produtores executarem esta tarefa, se refletirá nos números finais de vacinação e serão decisivos para, além de imunizar nossos bovinos, propiciar confiança aos nossos atuais e potenciais clientes.

Confiança é fundamental. A própria crise americana, que no início se tratava de uma crise financeira, agravou-se fortemente quando tornou-se uma crise de confiança , alastrando-se pelo resto do mundo. Na dúvida, o consumidor se retrai, o investidor retarda seus planos, o importador muda de fornecedor, acautelando-se. Como o provérbio sabiamente anuncia : cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. E, cá entre nós, fazendo a nossa parte, uma costelinha de porco e uma fatiazinha de picanha também não farão...

Nenhum comentário:

Postar um comentário