quinta-feira, 30 de julho de 2009

MATOPIBA

Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia. São os estados formadores da região produtora de grãos batizada como MATOPIBA que já é visitada há dois anos pela Expedição Safra, projeto do grupo de comunicação RPC. O projeto para a safra 2009/2010 nos foi apresentado ontem pelo jornalista responsável pelo projeto, Giovani Ferreira. Segundo Giovani, a expedição este ano contará inclusive com o acompanhamento do próprio Ministério da Agricultura , que reconhece a qualidade e o valor das informações que estão sendo geradas pelo projeto. Já somos parceiros há dois anos e o encerramento da expedição 2009/2010 será novamente na Rural, durante a exposição.

A Expedição 2009/2010

A expedição safra 2009/2010 pretende percorrer 60 000 Km entre setembro deste ano e março do próximo ao longo de quatro paízes: Brasil, Argentina, Paraguai e EUA. Durante o percurso, será feita a verificação de como está caminhando a safra de grãos nas principais regiões produtoras, avaliando desempenho, área utilizada, evolução do clima etc... Informação é insumo básico na produção agropecuária.

Expedição safra 2008/2009

A expedição Safra 2008/2009, trabalho conduzido pelo Núcleo de Agronegócio da RPC, teve seu encerramento pelo segundo ano consecutivo durante a ExpoLondrina. Trata-se de um belíssimo trabalho conduzido pelo editor do caderno Caminhos do Campo do Jornal Gazeta do Povo, nosso amigo Giovani, que tem levantado informações muito importantes à respeito da safra de grãos brasileira e, agora também, norte americana.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Paint Horse não é coisa de índio

Recebemos, ontem, o presidente da ABCPaint, o sr Orlando Lamônica Junior. Estamos tentando viabilizar uma exposição nacional da raça já agora no 4º Rural TecnoShow. Aproveitamos a ocasião para entendermos melhor a origem do Paint Horse. Segundo Lamônica, enquanto o cavalo Apaloosa tem sua origem no cavalo Mustangue selvagem utilizado pelos indígenas norte-americanos da região do rio apaloosa, o Paint Horse é originário da seleção do quarto de milha, que utilizava os mesmos critérios raciais de pelagem do Puro Sangue Inglês. Isto significa que animais manchados eram desclassificados da seleção e relegados ao serviço nas fazendas. Muitos eram, inclusive, sacrificados por não poderem ser registrados no serviço genelógico da raça. Ainda segundo o presidente da ABCPaint, as esposas dos rancheiros norte-americanos recusavam-se a sacrificar os potros de pelagem manchada e elas próprias acabaram por criar a seleção do cavalo Paint Horse, apresentando a raça em rodeios, disputando provas e fundando uma associação. Resumidamente e aproximadamente é isso.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Segunda-Feira

Segunda-feira é sempre movimentada. É quando procuramos agendar reuniões que nos são solicitadas e também é dia de reunião de diretoria. Como sempre, a reunião da diretoria foi bastante podutiva. Entre outras definições, aprovamos a locação da Praça da Alimentação Mario Pereira para dois eventos: um show com o Hugo Pena e Gabriel e o Londrina Matsuri 2009.

Praça Mário Pereira

A Praça Mário Pereira foi revitalizada este ano. Para quem não sabe onde é , trata-se daquele espaço onde , durante a Expo 2009, foi instalado o Palco 2. Tanto as apresentações do FILO , assim como da Orquestra Sinfônica e muitas outras atrações ocorreram neste espaço que ganhou movimento e valor durante a exposição. O que não imaginávamos é que pudesse despertar interesse de utilização em outras ocasiões , como para um show como o do Hugo Pena e Gabriel ou do próprio Londrina Matsuri.

O importante é competir

A Rural disputa com frequência eventos para serem realizados no Parque Ney Braga. Alguns conseguimos atrair para cá , outros acabam optando por outras localidades. Agora, nosso grande parceiro nestas candidaturas tem sido o Londrina Convention Bureau que prospecta eventos para Londrina e,durante o processo , apresenta a infra-estrutura geral de eventos da cidade aos organizadores. Assim, nossos hotéis são visitados , o aeroporto , o Centro de Eventos e , também , nosso Parque Ney Braga. Foi assim que captamos o Zootec 2007, Congresso Brasileiro de Zootecnia , que ganhou o prêmio de melhor congresso técnico daquele ano.

Congresso Mundial de Citricultura

Hoje apresentamos o Parque Ney Braga a uma comissão composta por representantes do Londrina Covention Bureau , do Iapar , da Indústria Cítrica e do setor de turismo de eventos com o objetivo de abrigar em 2016 o Congresso Mundial de Citricultura. Trata-se do meis importante evento mundial do setor e nossa disputa é com Buenos Aires o que , convenhamos , não torna nossa candidatura favorita.

Reprentação sobre o desperdício junto ao MP

"Apresento esta representação em razão da não destinação para finalidade pública, pór não ter sido realizada a Reforma Agrária , nem dada a propriedde destinação alguma que resultasse em benefício público..." Este é o começo da representação que o produtor José Novaes Faraco protocolou junto ao Ministério Público Federal de Londrina . Segundo Faraco , que nos trouxe uma cópia do documento , trata-se de uma representação sobre " o maior desperdício de recursos financeiros pelo Governo Federal já havido na história da República do Brasil".Vamos dar uma boa lida e entender porque o José Faraco critica tão duramente a desapropriação da antiga Fazenda Decolores, localizada em Ortigueira , que foi desapropriada para fins de Reforma Agrária.

Censo 2010

O IBGE irá resalizar um novo censo demográfico em 2010.A Rural foi convidada a participar de uma das Comissões Censuitárias Estaduais que tem como objetivo constituir-se em um "ponto de convergênca e irradiação de ações" para auxiliar na execução do processo. A primeira reunião será amanhã.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Palestra

Fui convidado , e aceitei, a proferir palestra durante o II Seminário de Segurança Alimentar , evento técnico científico que será realizado no dia 06/08/09, em Curitiba. O tema: Ética Aplicada à Produção de Alimentos no Brasil e no Mundo.

Já não sou calouro

Já proferi algumas palestras . Tenho sido convidado para este tipo de evento como Presidente da Rural e, confesso,acho bem desafiador.Tento caprichar.

A Melhor Palestra

Entre todas as ocasiões , a que considero como a mais bacana ocorreu há dois anos , na ADESG. Era uma turma do MBA e a minha palestra não foi lá grande coisa ,mas o debate posterior foi muito interessante.Debatemos sobre transgênicos, endividamento agrícola,invasão de terras , etanol etc... Gostei porque os questionamentos não foram superficiais, o pessoal realmente era de alto nível: aprendi muito.

A Pior...

Foi em Maringá.Fui convidado a proferir uma palestra sobre organização de eventos para cerca de 400 alunos em uma Universidade . Até aí , tudo bem. Entretanto,o compromisso foi em uma sexta-feira à noite e todos estavam lá obrigados:valia nota a presença na palestra!Olhava para a platéia e, sinceramente, nunca havia visto tanta gente tão desesperada para ir embora. Fui solidário com a a rapaziada e encurtei a conversa.

Reunião na ANEL

Hoje à noite tem reunião na ANEL entre os promotores de leilão da raça Nelore durante o IV Rural Tecno Show. A idéia é fechar a agenda de leilões para que todos possam se dedicar a cada um dos eventos, já com a data definida e com uma estratégia conjunta.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Paint-Horse é Coisa de Índio?

O Diretor de atividades equestres Ilson Romanelli agendou para segunda-feira a visita do Presidente da ABCPaint, a associação brasileira dos criadores de cavalo da raça Paint-Horse. Está tentando viabilizar uma programação da raça durante o IV Rural Tecnoshow. Vamos fazer força para viabilizar. Não tenho certeza, mas será que o Paint também tem sua origem, real ou folclórica, na seleção de cavalos indígenas norte-americanos, como o Apalooza? Realmente não sei, segunda eu confiro.

Índio não quer apito

Recebemos ,hoje, o pessoal da Associação dos Proprietários e Possuidores da Imóveis Rurais da Coloônia "G". É a associação dos produtores do entorno da reserva indígena do Apucaraninha e que está se tornando sócia da Rural. Conversamos bastante e ficou claro que os índios querem muito mais que um apito.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Texto do Agrorede

O texto abaixo foi publicado na última edição do Jornal Agrorede, especializado no tema agropecuário. O periódico é muito bom , tanto em conteúdo quanto na apresentação. O Jornalista responsável é o Olavo que já foi , inclusive , assessor de imprensa da Rural .

"O agricultor e a produção de alimentos sustentável"

Recentemente a FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, anunciou que já existem um bilhão de pessoas sofrendo de desnutrição em nosso planeta. No ano passado, agravando esta situação, presenciamos um importante aumento no custo dos gêneros alimentícios, mas ao contrário de outras ocasiões em que o aumento dos preços agrícolas se deu por quebras de safra, dessa vez tal fato ocorreu em um ano de safras mundialmente abundantes. Aliás, em sete dos últimos nove anos o mundo produziu menos cereais do que consumiu e chegamos em 2007 a ficar com os estoques reguladores mundiais limitados a apenas 61 dias de consumo. Isto ocorreu pelo aumento da população mundial. Mesmo agora, com a grande crise econômica mundial, os preços agrícolas continuam perto de seus preços máximos e estima-se que as mudanças climáticas possam em curto prazo contribuir para a redução de nossas safras futuras abrindo-se a perspectiva de uma crise alimentar perene. Este é o cenário no qual o agricultor deverá atuar: um mundo cada vez mais quente, populoso e faminto.
A correlação entre a população mundial e a produção de alimentos foi abordada por Thomas Malthus já no século XVIII. Ele acreditava que a população cresceria de maneira geométrica, dobrando a cada vinte e cinco anos, enquanto a produção de alimentos aumentaria de forma aritmética, mais vagarosamente, o que acarretaria em uma limitação ao crescimento da população por falta de alimento disponível. Isso, segundo ele, acarretaria em um controle da população, fosse de forma voluntária ou de maneira involuntária, através da fome, das guerras ou das grandes epidemias. Na verdade, ele afirmava categoricamente que, de uma forma ou de outra, a população mundial forçosamente se adequaria às disponibilidades alimentares. Apesar da lógica de seu enunciado, os ganhos advindos da revolução industrial e os espetaculares aumentos de produtividade oriundos do aperfeiçoamento dos métodos de cultivo fizeram com que a “profecia malthusiana“ ficasse desprestigiada por um longo período.
Entretanto, isso não significa que o planeta tenha conseguido atender a exigência por alimentos ao redor do globo com eficiência ao longo de todo esse período. Estima-se que na década de quarenta quatro milhões de pessoas tenham morrido de fome na Índia em um episódio que ficou conhecido como a “fome de Bengala”. A solução encontrada então, e que explica a eficiência na ampliação da oferta de alimentos até o final da década de noventa, foi conseqüência do pacote tecnológico constituído essencialmente por variedades melhoradas, pesticidas químicos, fertilizantes e irrigação. Trata-se da solução que transformou o meio-oeste americano na grande região produtora de grãos do mundo. A disseminação dessa nova maneira de se praticar agricultura foi difundida durante as décadas de sessenta e setenta e ficou conhecida como a revolução verde. Produziu resultados tão extraordinários que renderam ao especialista americano em agricultura Normam Bourlaug, principal disseminador desta prática agrícola baseada na monocultura industrial, o prêmio Nobel da Paz de 1970.
Infelizmente, em algumas regiões este modelo parece ter se esgotado, pois a produtividade encontra-se estagnada desde a década de noventa. Lençóis freáticos reduzidos pela excessiva utilização da irrigação, assim como a salinização de áreas de cultivo sugerem que o modelo pode ter limitações de sustentabilidade a médio prazo. Além disso, este modelo criou ao redor do mundo uma evidente dependência dos agricultores junto aos fornecedores de fertilizantes químicos e pesticidas que invariavelmente avançaram na participação da renda da produção agropecuária: como resultado, o fenômeno do endividamento agrícola é tão comum no Brasil quanto na Índia. Muitos acreditam que a reversão deste possível esgotamento do referido modelo agrícola esteja no aperfeiçoamento do pacote tecnológico atual com a evolução da utilização da ciência genética, a transgenia, e o aprimoramento nos mecanismos de irrigação. Entretanto, a engenharia genética atual ainda não conseguiu concretizar, por exemplo, a libertação de nossa agricultura da grande dependência hídrica natural ou irrigada e dos fertilizantes químicos.
Ao longo dos últimos seis anos, cerca de quatrocentos especialistas liderados pela FAO estudaram a crise mundial de alimentos e chegaram à conclusão de que o aumento na produção agrícola nos últimos trinta anos, que de fato ocorreu, falhou em melhorar o acesso aos alimentos pelas populações pobres do planeta. Como conseqüência, o estudo sugeriu uma mudança na forma de se praticar a agricultura, incorporando-se práticas sustentáveis e ecologicamente comprometidas, beneficiando pequenos agricultores, cerca de 900 milhões ao redor do mundo, não se limitando à agricultura empresarial. Pode-se chamar isto de Agroecologia, uma agricultura que leva em consideração não apenas a produtividade, mas também o impacto ambiental e social. Argumenta-se que cultivos em pequena escala e a diversificação de culturas seriam capazes de produzir mais alimentos e com muito menos exigência de adubos químicos, especialmente os derivados do petróleo. Estes seriam substituídos paulatinamente pelo uso da compostagem, aumentando a matéria orgânica no solo e capturando carbono da atmosfera, colaborando no combate às alterações climáticas.
É muito provável que não haja nenhum tipo de conflito entre a agricultura empresarial e a agroecologia como estratégias de enfrentamento ao desafio de se ampliar a produção de alimentos. Aliás, o crescimento da população necessariamente exigirá que de uma maneira, de outra, ou ainda, de forma associada, novos recordes de produção sejam alcançados. Mas é evidente que a disponibilidade de recursos naturais é finita e o princípio da sustentabilidade necessariamente deverá ser cada vez mais aplicado em qualquer prática agrícola. A preservação de nossos recursos hídricos através de sua utilização racional e a busca por tecnologias que diminuam a dependência por fertilizantes químicos, especialmente os derivados de combustíveis fósseis, necessariamente farão parte da agricultura contemporânea assim como a conscientização de que população, produção e exploração não poderão continuar a crescer indefinidamente. Evoluindo nossas práticas agrícolas, incorporando novas tecnologias e, de forma definitiva, o conceito da sustentabilidade, certamente poderemos relegar ao esquecimento por mais alguns séculos a famosa profecia, também conhecida como a “Maldição Malthusiana”.

Alexandre Kireeff, com informações da National Geographic

Diversificação

O sócio da Rural , Mauro Borsalli, nos convida para o lançamento do novo Cd da dupla Marco & Montenegro.É o "TOUR-SHOW" Carabina do Amor. Impressionante a quantidade de duplas sertanejas que estão surgindo em Londrina e fazendo sucesso nacional. Fernando & Sorocaba, Jean e Júlio , Luan Santana , os próprios Marco & Montenegro, João Márcio e Fabiano e muitos outros, além dos já consagrados Teodoro (que é sócio da Rural ) & Sampaio ,fazem parte de uma extensa lista. Essa terra roxa que sempre produziu tão bem café , soja, trigo , milho etc , também produz muito bem dupla sertaneja. É a diversificação da produção!

Vistoria no Parque

Recebemos hoje, aqui na Rural, a visita de Ana Carolina Aguiar, responsável pelos projetos especiais da Mitsubishi Motors e o Carlito Fertonani, diretor da empresa Ação 4X4. Vieram vistoriar o Parque Ney Braga para a Copa Mitsubishi Motor Sports e Mitsubishi Outdoor em 2010. É um evento grandioso, com participantes de todo o Brasil, de altíssimo poder aquisitivo. Evento que faz bem para todo mundo aqui em Londrina.

Uma parte está garantida para Londrina

A Copa Mitsubishi Motors Sports e Mitsubishi Outdoor 2010, ainda não estão garantidas para Londrina. Estamos disputando com Curitiba e Maringá. Agora a Mitsubishi Cup que é o circuito nacional de rali de velocidade está garantida e o suporte para as equipes, oficina etc, será aqui na Rural.

Já participei...

Há 10 anos participei do Rali Mitsubishi. Muito bacana, super organizado, um evento realmente capaz de envolver qualquer um. Até mesmo quem, como eu, não tinha a menor experiência em rali. Fiz dupla com meu irmão, eu na direção e ele como navegador. Até que fomos bem apesar de não termos nenhuma experiência e nem mesmo equipamento. Ganhamos até troféu.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Pão verde e amarelo



Grande parte do pão que consumimos é produzida a partir de farinha feita de trigo importado. Normalmente, compramos o trigo ou sua farinha da Argentina porque o Brasil consome dez milhões e meio de toneladas do grão, mas só produz seis milhões de toneladas. Mais da metade dessa tonelagem já é produzida aqui no Paraná e talvez seja o momento de buscarmos não apenas o aumento de nossa produção, mas auto-suficiência.

Tal reflexão surge em função da surpreendente quebra da safra argentina em cerca de 50% e, mesmo considerando a garantia de fornecimento por nossos vizinhos do Mercosul e a possibilidade de importarmos o grão de outros países, não resta dúvida que podemos experimentar a sensação desconfortável da perspectiva do desabastecimento e da dependência de um fornecedor estrangeiro. Até hoje, nossa auto-suficiência jamais foi alcançada pela dificuldade em produzirmos o cereal a preços internacionalmente competitivos. Isto se deve porque nosso clima não é exatamente o mais adequado e também porque o mercado conta com fornecedores altamente subsidiados, especialmente os do hemisfério norte.

Aliás, historicamente a cultura do trigo tem sido objeto de políticas intervencionistas. Subsídios tanto à exportação quanto à produção do trigo sempre fizeram parte da política agrícola de muitos países preocupados em garantir sua independência alimentar sob qualquer circunstância. Na Inglaterra do séc.XVI, esta obsessão pela auto-suficiência incluía tanto subsidio a exportação, em um evidente estímulo à produção nacional, quanto a proibição radical de se comprar trigo para fins de revenda, como uma tentativa de se evitar a especulação em torno do alimento básico da população inglesa. O eventual atravessador flagrado era, vejam só, condenado a dois meses de prisão em uma primeira infração, há seis meses em caso de reincidência e condenado ao pelourinho e preso por tempo indeterminado, com confisco de todos os seus bens em caso de uma terceira infração. Tudo isso como estratégia para se garantir que o pão chegasse sempre aos lares da Grã Bretanha.

Nos dias de hoje, para atingirmos a auto-suficiência na produção do trigo não resta dúvida de que também precisaremos de políticas específicas, evidentemente adaptadas aos nossos tempos. Certamente podemos abrir mão do pelourinho. Neste sentido, algumas iniciativas absolutamente contemporâneas já estão sendo tomadas tanto pelo governo paranaense quanto pelo governo federal. O Governo do Paraná, por exemplo, irá destinar recursos do Fundo de Desenvolvimento Econômico para complementar o custeio do seguro da cultura na ordem de 15 a 30 % do valor total. Estes percentuais, somados aos 70% já provenientes do governo federal, podem garantir o custeio total do seguro agrícola do trigo. Tal medida certamente estimula o plantio de trigo em nosso estado, pois, segurado, o produtor não estará sujeito a um revés financeiro se houver quebra na produção por adversidade climática. Na mesma esteira, o governo federal tem sinalizado que pretende estimular o plantio do trigo ao anunciar preços mínimos adequados e especialmente quando, mesmo diante do atual cenário, optou por manter a TEC do trigo , evitando uma inconveniente queda nos preços. Entretanto, isto ainda não é o suficiente e é por isso que produzimos apenas um pouco mais da metade de nosso consumo.

Para atingirmos a auto-suficiência necessitamos de um plano abrangente, amparado na decisão política de construirmos nossa independência, que inclua não apenas o apoio e proteção à produção e a comercialização, mas que também inclua o essencial investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias. Necessitamos de um conjunto de medidas que sejam capazes de tornar o Brasil absolutamente imune às quebras de safra da Argentina ou de qualquer outro país e, isto é importante, internacionalmente competitivo a médio prazo.

É claro que ao menos por enquanto poderá se dizer que uma política de incentivo à produção do trigo poderá encarecer o produto internamente, o que seria indesejável. Entretanto, a independência neste caso deve ser vista como uma decisão estratégica, tal qual aquela tomada quando se criou o pró-alcool ou quando se optou por investimentos na prospecção do petróleo ao invés de simplesmente adquirirmos gasolina no mercado internacional, mesmo quando os preços eram convidativos. Hoje, nossa matriz energética é a mais limpa do mundo e em breve, pasmem, o petróleo que será extraído no “Pré Sal” nos tornará não apenas totalmente independentes da importação do petróleo, mas também grandes exportadores o que justifica plenamente a opção estratégica em detrimento da decisão simplesmente analisada pelo ponto de vista econômico.

A decisão que podemos tomar é novamente estratégica. Um amplo debate envolvendo produtores, técnicos, pesquisadores e os Governos Estadual e Federal certamente poderá construir as bases de um plano que tenha como objetivo tornar a produção de trigo brasileira, e em especial a paranaense, capaz de abastecer totalmente o mercado interno em um curto espaço de tempo. Aí então, faça chuva ou faça sol, na Argentina ou em qualquer outro país, passaremos a consumir o verdadeiro pãozinho verde e amarelo, tupiniquim, e não mais o pão de los hermanos, feito de trigo importado do país vizinho.

Discurso no Lançamento do Plano Agrícola Pecuário



Há poucos dias a FAO, Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, anunciou que este ano a humanidade superará a marca de um bilhão de desnutridos. Também já é sabido que em sete dos últimos nove anos, o consumo global de cereais superou os números da produção.

Estes são os desafios da agropecuária, em especial da agropecuária brasileira: continuar ampliando a produção de alimentos, viabilizando o abastecimento desta população cada vez maior : já somos sete bilhões hoje e em breve seremos nove bilhões de pessoas. Aliás, o enfrentamento da fome é uma questão tão antiga e importante que a palavra população na linguagem da milenar civilização chinesa é escrita através de dois ideogramas: um que significa “pessoa” e um segundo , que significa “boca aberta”...

Sob essa ótica, um plano de safra não pode ser reduzido a um simples plano desenvolvido para atender a um setor específico da atividade econômica brasileira: deve ser inserido em uma ampla estratégia comprometida com o amparo à própria existência humana.

Temos observado a cada apresentação anual, a contínua evolução de nossa política agrícola. Este ano, destaca-se a ampliação em quase 40% de seu orçamento geral, atingindo os 107, 5 bilhões de reais sendo 15 destes destinados exclusivamente à agricultura familiar. Uma manifestação evidente do entendimento do Ministro do Planejamento Paulo Bernardo de que a agropecuária é uma excelente frente de combate à crise internacional.

O incentivo inédito ao médio produtor, criando a obrigatoriedade de destinação de recursos à classe média Rural, também se trata de um importante avanço. Além disso, a destinação de recursos à recuperação de solos e a ampliação de limites de financiamento em função da adequação ambiental incorporam uma nova e importante estratégia à política agrícola nacional .

O Ministro da Agricultura Reinhold Stephanes desde o primeiro momento tem sido especialmente preciso no entendimento das principais demandas do setor e tem se mostrado sempre pronto a debater, discutir e construir soluções , merecendo nossas congratulações pela trajetória acertada a qual tem conduzido nossa política agrícola.

Nossa expectativa, senhor ministro, é que este volume de crédito recorde tenha agora sua tramitação burocrática junto ao sistema financeiro devidamente sincronizada com o calendário do agricultor brasileiro para que este possa usufruir em toda plenitude destes recursos e, de maneira também recorde, possamos produzir a nova safra .

Existe também, senhor ministro, uma importante parcela de produtores que renegociaram suas dívidas, dívidas produzidas por quebras de safras e pela abrupta modificação das relações cambiais entre o dólar e o Real ocorrida há alguns anos.

Estes produtores ainda necessitam de uma atenção específica governamental para que possam ser reincorporados ao sistema de crédito agrícola e, assim, voltarem a colaborar no enfrentamento do desafio de abastecer o mundo de alimentos.

Estas duas providências, e temos conhecimento de que já são objeto das atenções do governo federal, são fundamentais para que o volume de crédito disponibilizado no Plano Agrícola 2009/2010 esteja disponível a todo o universo de produtores brasileiros e assim, este plano possa atingir na plenitude os objetivos a que se propõe.


Senhor presidente,

Recentemente pudemos ver através da imprensa sua excelência, declarar que “quem desmatou não pode ser chamado de bandido”. Entendemos perfeitamente o contexto de suas declarações, distinguindo aquele produtor que legalmente enfrentou o desafio de expandir a fronteira agrícola brasileira, do devastador ilegal. Neste recinto, tenho certeza absoluta de que a grande maioria destes produtores jamais desmatou um palmo sequer de nossas florestas.

Pelo contrário, esses produtores tem passado suas vidas levantando curvas de nível, praticando a tríplice lavagem de embalagens, a adubação verde, a rotação de cultura, a integração lavoura e pecuária e incorporado técnicas como a do plantio direto desenvolvida pelo nosso amigo Herbert Bartz. Mesmo assim, se nada for feito, à partir do dia 11 de Dezembro deste ano, muitos destes produtores serão considerados legalmente criminosos ...e isto não é justo .

Tenha certeza, senhor presidente, de que quando produtores, e eu falo especificamente dos produtores, reivindicamos aprimoramentos em nossa legislação ambiental, é exatamente isso que fazemos e nada além disso, não havendo nenhuma expectativa de se ampliar a tolerância ao desmatamento.

Senhor presidente, os produtores deste país foram capazes de transformar o Brasil no grande celeiro mundial produzindo não apenas alimento, mas também riquezas, emprego e sustentação econômica ao País.

Também foi no campo que se construiu a fantástica indústria do álcool, exemplo mundial de produção de bioenergia sustentável. Temos certeza de que somos capazes também de produzirmos até mesmo preservação, bastando para isso que tal prática seja, além de ambiental, também economicamente sustentável.

Para que isso seja possível, precisamos neste momento, da harmonização presidencial em um debate onde os argumentos já se esgotaram para que possamos, como nação preservarmos nossa produção e iniciarmos um novo período de produção de preservação, com apoio a quem produz, com incentivo a quem preserva.

Finalmente, nossos agradecimentos a sua excelência presidente Lula por ter escolhido Londrina como endereço para este que é sem dúvida alguma a mais importante data do calendário da agropecuária brasileira. A Londrina capital mundial do café, da Embrapa Soja, do Instituto Agronômico do Paraná e da Sociedade Rural do Paraná se sente especialmente honrada por esta deferência.

Aos produtores aqui presentes, tenham certeza de que foi uma honra representá-los neste evento nacional tão importante.

Semear, preservar e voar...

Existem certas coisas que deveriam nos surpreender, mas já não conseguem o fazer. A proximidade e a freqüência acabam por transformar aquilo que realmente é sensacional em algo trivial e passamos a não dar a menor importância. Voar por exemplo. Desde Santos Dumont, ou muito antes, desde Ícaro, voar é espetacular. Entretanto, raramente nos damos conta do que significa nos elevarmos a dez mil metros de altura, a 900 Km por hora, atravessarmos um oceano e amanhecermos, por exemplo, em Paris. Lógico, um acidente trágico como o da Air France nos devolve à humildade e nos faz refletir a respeito da dimensão desta aventura alada trans-oceânica. Mas são três milhões de decolagens diárias ao redor do mundo e essa freqüência é capaz de obscurecer os aspectos sensacionais do vôo humano.

Da mesma maneira, outras tantas ações absolutamente fantásticas nos passam despercebidas. Com o ato de plantar ocorre esse fenômeno. É difícil perceber o quanto foi necessário de atrevimento para se praticar a agricultura. Característicamente humana, a ação de “descartar” o próprio alimento, enterrando-o, deixando-o à sorte é, sem sombra de dúvida, um ato de extrema ousadia e coragem. Dá até para imaginar que o primeiro plantio tenha sido uma tentativa de se esconder ou armazenar alimento que, para surpresa do homem primitivo, acabou germinando e gerando a primeira safra agrícola da história, ou melhor, da pré-história. Mas transformar este provável incidente em uma estratégia de sobrevivência tão bem sucedida, capaz de alimentar a fabulosa multiplicação de nossa espécie até aos bilhões, é mais sensacional do que dormir numa poltrona de um avião em São Paulo e acordar em Paris. Plantar, semear é atirar ao solo o próprio sustento. Trata-se de uma impressionante sofisticação do instinto de sobrevivência porque incorpora o planejamento estratégico ao mais elementar ato de alimentar-se e preservar-se.

Preservar o meio-ambiente é mais ou menos como praticar a agricultura. Nossos mais ancestrais instintos nos inspiram a explorar os recursos naturais a fim de contemplarmos nossas necessidades. Agora, quando se sugere que esta nossa relação seja substituída por outra, sustentável, é bem razoável que haja dificuldade em sua implementação. No caso da agricultura, não houvesse o homem primitivo incorporado tal prática como estratégia, certamente a preservação da espécie humana não teria sido tão bem sucedida. De maneira similar, quando se propõe alternativas sustentáveis para a produção e a exploração de recursos naturais, estamos sendo tão ousados quanto o homem pré-histórico. Ao implementarmos as práticas preservacionistas também contamos com reflexos compensatórios no futuro, abrindo mão dos benefícios imediatos da simples exploração.

Com um pouco de imaginação, é possível estimar a dificuldade de Santos Dumont em convencer a quem quer que fosse de que poderia construir uma máquina capaz de voar. Igualmente, deve ter sido dificílimo ao homem primitivo convencer seus pares a enterrar parte de seu alimento, esperando por uma colheita futura e, entretanto, hoje é trivial. Assim se dará com a preservação ambiental. Princípios atualmente contestados, porque incompreendidos, deverão ser incorporados à nossa cultura quando se mostrarem capazes de promover benefícios mensuráveis. Assim, cedo ou tarde, as estratégias de preservação ambiental tão debatidas deixarão de nos surpreender e preservar será algo absolutamente trivial, tão ou mais trivial do que semear ou, até mesmo, do que voar por aí...

Produzir Preservação e Preservar a Produção




No dia 22 de Julho do ano passado o presidente Lula assinou o decreto 6514, que regulamentaria a Lei de Crimes Ambientais. Tal decreto, desencadeou uma ampla e acalorada discussão, tanto junto a produtores agropecuários, quanto à ambientalistas. O debate determinou, inclusive, a elaboração de um novo decreto presidencial que garantiu aos envolvidos prazos para que conflitos e inconsistências da atual legislação ambiental brasileira pudessem ser discutidos.

Durante este período, ficou evidente que no movimento ambientalista, existe uma preocupação legítima, de que as discussões atuais sobre nosso código florestal resultem em um abrandamento de nossa legislação em contradição com as preocupações mundiais contemporâneas. Felizmente, o produtor agropecuário não está em busca do abrandamento de nossa legislação, mas sim, em busca de seu aprimoramento, para que alguns aspectos conflitantes entre a preservação e a produção de alimentos, contidos no atual código florestal, sejam superados.

Existe um consenso de que nossas matas ciliares devam ser preservadas e recuperadas, isso é indiscutível. Entende-se como adequado que devam existir reservas florestais, entretanto, independentemente deste entendimento , existe um desencontro entre o previsto em lei e o que de fato se encontra nos campos brasileiros, especialmente nas regiões que possuem vocação para a produção de alimentos. Essa vocação pode ser traduzida pela existência de solos especialmente férteis, um regime de chuvas favorável, além de topografia e clima adequados à produção agrícola. É o que ocorre, por exemplo, em algumas regiões do estado do Paraná. A fantástica aptidão produtiva destas regiões explica porque algumas destas áreas não contam com os percentuais exigidos pelo código florestal para fins de reserva legal, pois estão totalmente dedicadas a produzir alimentos, à exceção de suas matas ciliares. Utilizando uma típica expressão do Presidente Lula, “o fato concreto” é que existem áreas de expressiva produção agrícola que precisariam ser reflorestadas imediatamente, mas seus proprietários não possuem os recursos necessários para este empreendimento. Outra preocupação relevante é que havendo a substituição da produção agrícola pela recomposição florestal, haverá uma perda substancial de renda, tanto individualmente, quanto coletivamente, e isto deve ser levado em consideração pelo nosso legislativo ao tratar da matéria. Parece-nos razoável buscarmos alternativas ambientalmente corretas capazes de minimizar esses custos.

Ao propormos o aprimoramento de nosso código florestal, entendemos como fundamental que o novo documento abrigue o conceito da distinção das especificidades regionais determinando rigorosamente, sem nenhum tipo de abrandamento, a maneira como irão interagir os processos da produção de alimentos e da preservação ambiental especificamente em cada região. Regiões com vocação para produzir alimentos devem estar sujeitas a normas ambientais diferenciadas daquelas com pouca aptidão produtiva, o que não significa dizer que exista uma expectativa dos produtores de que se amplie a tolerância ao desmatamento. Pelo contrário, a manutenção de áreas produtivas, que chegam a produzir cinco vezes mais em um mesmo espaço do que outras regiões, evita que as pressões de demanda incentivem a expansão de nossas áreas agrícolas próximas e distantes, como as localizadas na Amazônia. Também acreditamos que o princípio dos serviços ambientais remunerados deva ser introduzido explicitamente em nossa legislação, estimulando a preservação ambiental, especialmente em áreas onde a produção de alimentos não seja tão competitiva, ou viável.

Tais medidas, certamente colaborariam na preservação da produção agrícola onde ela é de fato especialmente recomendada e estimularia a produção de serviços ambientais onde a vocação agrícola não fosse tão evidenciada. Assim, amparados por um código ambiental aprimorado e contemporâneo, poderíamos de fato produzir preservação e preservar nossa produção.

O Desenvolvimento que Buscamos

Tradicionalmente a avaliação do desenvolvimento de uma cidade, de uma região ou de um país tem sido feita através da mensuração da variação do PIB. Trata-se de um importante parâmetro para se aferir a condição econômica de qualquer comunidade, mas estabelecer metas ou elaborar conclusões levando-se em consideração apenas o crescimento econômico, não contempla a totalidade das demandas da sociedade contemporânea. O crescimento da economia, do nível da industrialização e das rendas das pessoas são importantes maneiras de se buscar o desenvolvimento das populações, mas reduzirmos nossas metas ao crescimento destes itens e limitar nossas avaliações à suas variações não é suficiente.

Muito mais do que limitar-se àquelas questões, o desenvolvimento deve ser capaz de expandir a liberdade humana e, sob a ótica restrita da mensuração da geração de riquezas, tal objetivo fica impossibilitado de ser avaliado. A ampliação da liberdade pode ser implementada pela disponibilização de serviços públicos satisfatórios e assistência social eficiente, pois são tais condições que são capazes inclusive de libertar o ser humano de uma expectativa de vida reduzida sob o ponto de vista temporal. A garantia de direitos civis e a possibilidade de participação da vida social, política e econômica da comunidade também são manifestações das liberdades humanas que devem fazer parte tanto das metas quanto das mensurações relativas à aferição do nível de desenvolvimento de uma região ou população, pois pertencem a um conjunto de liberdades capazes de qualificar substancialmente a condição da vida humana.

Além disso, as liberdades não devem ser entendidas apenas como os fins do desenvolvimento, mas também serem reconhecidas pela sua importância como promotoras de desenvolvimento, como sugere o economista Amartya Sem em seu livro “Desenvolvimento como Liberdade”. Liberdades políticas promovem segurança institucional que garantem a proliferação dos essenciais investimentos estruturais. Serviços públicos qualificados potencializam a capacidade de participação econômica ao permitir que parte da renda bruta da população não seja destinada a complementar a ineficiência estatal. A liberdade econômica, além de gerar riqueza individual, pode ampliar a arrecadação pública qualificando seus serviços. O acesso à educação e à capacitação profissional habilita o cidadão a ampliar sua capacidade produtiva e o liberta das limitações impostas pelo seu despreparo educacional ou profissional, desencadeando um círculo virtuoso de desenvolvimento eliminando paulatinamente a pobreza econômica que priva as pessoas do direito de obter sua nutrição básica, de ter moradia digna, de acessar a assistência médica, além de consumir água tratada e desfrutar de saneamento básico.

Diante do atual cenário mundial repleto de mensurações estritamente econômicas negativas, precisamos estar atentos e nos utilizarmos de outros mecanismos de verificação da condição da população, tanto para avaliarmos precisamente o impacto causado pela situação econômica mundial em toda sua abrangência, quanto para elaborarmos estratégias de atuação, definirmos metas e, principalmente, elegermos prioridades adequadamente. A busca pelo desenvolvimento, mais do que nunca, deve ser um processo amplo, com metas econômicas, mas também voltado à expansão das liberdades, dirigindo a atenção para os fins que o justificam, pois, desta forma, além de aumentarmos a qualidade dos resultados, estaremos permanentemente alimentando os meios que o viabilizam.

Obama, Gorbachev e o Corte de Subsídios

Ao dirigir-se ao Congresso Americano em discurso formal, pela primeira vez após eleito, o presidente americano pôde ser, muito mais do que em seu discurso de posse, explícito quanto a suas intenções. Revelou parte do seu planejamento, relembrou a todos as dificuldades que enfrentará, especialmente sob o ponto de vista orçamentário, e surpreendeu-nos ao, inserir em suas colocações sua pretensão em diminuir os subsídios agrícolas. Surpresa à parte, também desconsiderando a dimensão dos cortes propostos, até porque o próprio Ministério da Agricultura brasileiro os classificou como tímidos, não podemos deixar de conectar este fato a um outro impasse histórico que, pela aparente impossibilidade de ser solucionado, guardava alguma similaridade com este novo posicionamento americano quanto à sua política agrícola.

Durante a década de oitenta, o mundo vivia a plenitude da tensão promovida pela guerra fria e a corrida armamentista travada entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética. A contabilidade que se praticava apenas buscava prever quantas vezes o arsenal atômico armazenado seria capaz de destruir a própria terra! É isso mesmo, se hoje a humanidade teme ser varrida do planeta pelo aquecimento global, há vinte e cinco ou trinta anos acreditávamos em uma iminente guerra nuclear de escala mundial que resultaria em nossa própria extinção: sobreviveriam apenas as baratas, segundo a crença popular...

Àquela altura, o então presidente Ronald Reagan apresentou ao Congresso Americano um fantástico escudo militar espacial que ficou conhecido como “Guerra nas Estrelas”. Tal escudo, uma série de satélites armados com mísseis capazes de destruir ainda em vôo qualquer ogiva nuclear que fosse lançada contra os Estados Unidos, tornaria aquele país virtualmente inatingível. E foi praticamente em ato contínuo que se desenrolou o fim da corrida armamentista, o desmanche da União Soviética e iniciou-se um período de absoluta hegemonia mundial americana. O detalhe que pode passar despercebido e que conecta tal fato histórico à realidade contemporânea é que jamais faltou vontade ao líder soviético Gorbachev em continuar disputando com os americanos a liderança militar mundial: o que lhe faltou foi dinheiro, orçamento.

É exatamente isso que impele o Governo Obama a acenar com um corte dos subsídios agrícolas: falta de dinheiro, orçamento. Claro, não podemos fazer nenhuma comparação sob o ponto de vista de importância econômica ou política entre a “Guerra Fria” e as divergências entre o Brasil e os Estados Unidos quanto à política agrícola. A analogia, a similaridade, se resume ao fato desencadeador. Por maiores que tivessem sido os esforços diplomáticos, por mais acalorados que tivessem sido os debates relativos à corrida armamentista, o que determinou seus rumos definitivos foi a incapacidade econômica soviética em continuar a investir em projetos da dimensão de um escudo de satélites militares. Atualmente, diante do gigantesco desafio econômico que se encontra o governo americano, este optou por uma série de iniciativas com o objetivo de construir um orçamento mais enxuto o que incluiu o bem-vindo corte nos subsídios agrícolas.

O presidente Barak Obama afirmou que sua nova política agrícola se iniciará a partir de outubro. Inevitavelmente a agricultura brasileira se beneficiará na exata proporção com que os cortes americanos sejam de fato implementados. Não é hora de comemorarmos, mas de aguardarmos os acontecimentos e nos prepararmos. O que não poderá faltar serão os recursos para esta colheita e para o próximo plano de safra brasileiro . Assim, estaremos preparados para nos tornarmos ainda mais competitivos no disputado mercado agropecuário mundial sem nunca nos esquecermos que, sob condição econômica favorável, os Estados Unidos jamais abriram mão de subsidiar seus agricultores...

A WWF e a Sociedade Rural do Paraná


Quando abrimos os portões da Sociedade Rural do Paraná à WWF Alemanha para que seu Presidente, Detlev Drenkhahn proferisse palestra, tínhamos a única intenção de conhecermos um pouco as principais preocupações do setor ambientalista para enriquecermos nossos conhecimentos a respeito da matéria.

Já há algum tempo estamos trabalhando no sentido de construirmos propostas consistentes a serem apresentadas às autoridades federais com o objetivo de aprimorarmos ou aperfeiçoarmos a legislação ambiental brasileira. Foi por isso que recebemos o Deputado Federal Moacir Micheletto, relator do projeto de lei do futuro código ambiental brasileiro. Na mesma esteira, recebemos o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, palestrando sobre o impacto na agricultura brasileira caso toda a legislação ambiental atual fosse imediatamente aplicada.

Entretanto, após o encerramento da palestra da última segunda-feira, ficou evidente que o encontro com a WWF superou em muito as nossas melhores expectativas. Esta constatação não se deu somente porque o Sr. Detlev Drenkhahn defendeu o etanol brasileiro como uma fonte de energia renovável. ]

Tampouco porque defendeu a remuneração pela prestação de serviços de preservação ambiental, ou pelo fato de entender que áreas vocacionadas à produção de alimentos devessem ser destinadas a essa função, reservando-se áreas com baixa vocação produtiva à preservação ambiental. Isto tudo vai ao encontro do posicionamento da Sociedade Rural do Paraná, mas a grande conquista, certamente, foi a desconstrução de preconceitos de ambientalistas e produtores.

O que ficou claro em nosso encontro é que muitos entendimentos pré-concebidos a respeito dos posicionamentos de cada um dos envolvidos no debate ambiental, muito mais do que reforçar posições, estimulam um desentendimento absolutamente inconveniente tanto para fins da produção de alimentos, quanto para fins de preservação ambiental e para o próprio desenvolvimento do estado brasileiro.

Não podemos também deixar de registrar as importantíssimas considerações feitas a respeito das condições climáticas e econômicas a que o planeta está sujeito, o que, evidentemente, compromete o setor produtivo na busca de soluções para enfrentar estas questões.

Certamente já havia passado da hora de discutirmos estas questões lado a lado, especialmente porque tanto a prática da produção de alimentos quanto grande parte das ações relacionadas à preservação ambiental são exercidas no mesmo espaço físico, o que transforma em obrigação, e não em mera liberalidade, a colaboração dos produtores agropecuários nesta discussão. São questões tão importantes que não podemos nos dar ao luxo, inclusive, de nos sujeitarmos às indevidas utilizações eleitorais e ideológicas ou a patrulhamentos de qualquer natureza, sempre presentes quando abordamos estes temas. Tais interferências são absolutamente irrelevantes, pois o ambiente global e a perspectiva de desabastecimento mundial de alimentos abrangem a todos nós, independentemente de raça, credo, orgulho nacional ou convicção política. Pelo contrário, determinados, devemos trilhar nossas ações sob o pragmático compromisso tanto com a preservação ambiental quanto com o fundamental e permanente combate à fome mundial.

Filé à Cubana

A União Européia embargou as importações de carne bovina brasileira. Embargou, criou regras e agora, depois de inspecionar algumas de nossas fazendas, reabriu seu mercado. Muito se falou a respeito deste assunto e o mesmo foi tratado de uma forma que parecia estarmos à beira de uma catástrofe sem precedentes.

Alguns proféticos chegaram a prever quedas importantes nos preços do produto no mercado interno, em função de uma verdadeira enxurrada de carne nos açougues. Outros, acreditaram que nossa liderança no mercado mundial estaria comprometida, desencadeando, quem sabe, uma reação em cadeia de embargos por todo o globo. Nada disso aconteceu: o preço do boi gordo continuou estável, continuamos a exportar por este mundo afora e o importador europeu já retornou às compras.

Na verdade, o mercado europeu não tem uma dimensão capaz de impactar a produção de carne bovina brasileira de maneira severa. A quantidade de carne anualmente exportada para a Europa representa algo em torno de 2% de nossa produção total. Afinal, abrigamos em nossas pastagens o maior rebanho comercial do planeta. É claro que gostaríamos de contar com o referido mercado em sua plenitude, pois se trata de um cliente que paga bem pelos principais cortes que adquire essencialmente carne de primeira, mas devemos nos lembrar que nosso grande cliente ainda é o consumidor brasileiro.

Outro fato importante é que o consumo mundial de carne está aumentando e o nosso produto é intensamente disputado por diversos países nos colocando em uma condição de negociação muito confortável diante do importador europeu. Sob esse cenário, a imposição de regras, especialmente a limitação quantitativa de fazendas aptas a fornecer-lhes bois rastreados, causou imensa indignação junto aos produtores.

Fazendo uma analogia com um fato que também gerou grande repercussão recentemente, poderíamos dizer que o embargo europeu à nossa carne tem um impacto tão grande na vida dos pecuaristas e da população brasileira quanto a renúncia do comandante cubano Fidel Castro: quase nenhum, limitando-se aos aspectos emblemáticos. É claro que, para alguns frigoríficos, a perda do mercado europeu pode ter um efeito negativo muito importante, o que justifica esforços pela sua recuperação. Contudo, com a manutenção daquela posição européia, o máximo que poderia acontecer para o brasileiro em geral seria um aumento de oferta no mercado interno de alguns cortes nobres de excelente qualidade, especialmente o filé mignon, que normalmente são exportados. Isto, óbvio, não faria mal nenhum, especialmente se esses filés fossem preparados à moda cubana, que é uma delícia.

Agroindústria : opção preferencial

A presença da Agroindustria no norte do Paraná não é nenhuma novidade. Companhias de café solúvel, moinhos de trigo, laticínios e algumas outras plantas agroindústriais fazem parte de nosso cotidiano, perfeitamente inseridas no contexto londrinense. Entretanto, nos parece que é chegado o momento de nossa região assumir a agroindustrialização como uma opção preferencial para o seu desenvolvimento, tanto pelos benefícios que esta opção poderia proporcionar, quanto pela conjunto de fatores que nos tornam absolutamente competitivos perante outras regiões.

Quanto aos benefícios que a agroindústria proporciona, o que mais chama a atenção é o fato de que estes se irradiam pelos mais diversos setores da economia e da sociedade . A Agroindústria gera empregos, como qualquer outro empreendimento, mas a geração de empregos, neste caso, tem a particularidade de irradiar-se tanto nas áreas urbanas quanto na zona rural pois, tanto o processo industrial urbano quanto a produção rural da matéria-prima, absorvem a mão-de-obra . Além disso, a demanda por mão-de-obra não se resume à mais especializada e qualificada, pois desencadeia-se também a demanda pela mão-de-obra puramente braçal, inserindo no setor produtivo um amplo e variado espectro de trabalhadores. A oferta de empregos na zona rural e o aumento da renda através da diversificação agropecuária permitem a fixação do homem no campo, colaborando para a solução de graves problemas sociais. Tais efeitos previnem e combatem, por exemplo, o tão falado êxodo rural, evitando o inchaço das periferias urbanas. A geração de empregos de perfil tão variado, aliada à intensificação e a diversificação da produção agropecuária, tem a capacidade de quebrar o círculo vicioso que expulsa o homem da terra e, depois, o leva de volta, agregado a movimentos sociais , gerando os indesejáveis conflitos no campo.

Nossa região possui condições muito particulares que atestam a vocação preferencial pela Agroindústria . Nossa terra roxa possui uma fertilidade inigualável, possibilitando que aqui seja conduzida a mais exigente atividade agrícola. Nosso solo, ao contrário de outras regiões do país, não é um fator limitante . É, na verdade, uma vantagem competitiva, viabilizando a prática de uma variadíssima gama de culturas. Até mesmo nossa latitude privilegiada, estamos sobre o trópico de capricórnio, possibilita-nos produzir tanto culturas tipicamente tropicais, quanto aquelas de clima temperado, muitas vezes lado a lado. Não param por aí nossas vantagens competitivas. Londrina ainda tem o privilégio de sediar as duas mais importantes instituições de pesquisa agropecuária do país: a Embrapa e o Iapar. Tal fato, somado à presença de quatro universidades, nos garante a vanguarda em todas as fases do processo, desde a produção da matéria-prima, até o processamento industrial, passando pelos setores administrativo, comercial , financeiro etc...

Londrina, desde 1975, está a procura de sua nova identidade. O espetacular ciclo do café, que se encerrou com a brutal geada daquele ano, deixou em todos nós parâmetros de crescimento e de riqueza inigualáveis, que muitas vezes despertam o sentimento da nostalgia. Esperar que Londrina reviva a fantástica pujança daqueles tempos, seria contar com o improvável. Entretanto, enfrentar o desafio de acrescentarmos um novo e poderoso elemento à nossa matriz econômica regional, prefeerncialmente, parece-nos não apenas factível mas, também , provocante e inspirador.

Agroinflação : vamos enfrentá-la

Estamos vivenciando um momento de alta nos preços mundiais dos alimentos. Soja , milho , arroz , carnes , trigo ... estão sob forte tendência de alta impactando os índices inflacionários de forma generalizada ao redor do globo. Aparentemente , a somatória de diversos fatores , como o aumento do consumo mundial e o preço do petróleo, têm sido responsáveis pela alta daqueles preços.

Alguns países têm procurado enfrentar este problema interferindo diretamente nas relações entre a oferta e a procura. A Argentina, por exemplo, impôs cotas às exportações de carne, congelou preços de alguns cortes no varejo e taxou as exportações de grãos. Uma postura intervencionista que, além de gerar um grande conflito com os produtores argentinos , não encontra respaldo na história como sendo uma estratégia eficiente. Aqui mesmo no Brasil , políticas de congelamento de preços, confisco de bois, etc resultaram em grandes fracassos, com criação de mercados paralelos, ágio e na seqüência, explosões inflacionárias.

Essencialmente, a elevação dos preços dos alimentos é fruto de um desequilíbrio entre consumo e oferta. Aliás, são esses preços mais elevados que possibilitarão aos produtores investirem na produção, em tecnologia e, no menor espaço de tempo, oferecer aos consumidores uma maior quantidade de alimentos, gerando preços menores. A tentadora solução de intervir no mercado através do tabelamento de preços acaba com a possibilidade do produtor investir e aumentar a produção , gerando , a rigor , uma menor oferta de alimentos e, paradoxalmente, aumento de preços!

A desoneração dos custos de produção nos parece a melhor alternativa neste momento em que se busca, a curto prazo, a diminuição da inflação dos alimentos. Insumos mais baratos, isenção de taxas e impostos, desde a produção até ao balcão do varejo, poderiam colaborar na formação de preços finais mais baixos, sem comprometer a capacidade de investimento dos produtores que, a rigor, será financiada em parte pelos preços mais elevados. O que não podemos é sermos seduzidos pelas soluções simplistas e momentâneas. Vamos enfrentar a inflação como deve ser enfrentada, aumentando nossa produção, aprimorando nossa eficiência, inundando o mercado, ávido em consumir, com nossos alimentos.

Ao completar 60 anos...


Ao completar sessenta anos, a Sociedade Rural do Paraná confronta-se com mais um desafio. O desafio de aparelhar-se, modificar-se, modelar-se em acordo com as exigências que a sociedade contemporânea impõe às entidades de classe que pretendem representar com eficiência seus associados.

Quando em 1946 a Sociedade Rural do Paraná foi fundada , ainda como Associação Rural de Londrina , foi inaugurado um processo de absoluta sintonia entre as pessoas que a fundaram , seus objetivos estatutários e a forma como aquela entidade interagia com a sociedade. É desta forma que se explica o crescimento de nossa entidade , da crescente respeitabilidade , da representatividade inequívoca que se construiu a partir de então.

Coube aos sucessores daqueles primeiros idealizadores a responsabilidade em manter as ações e os objetivos da Sociedade Rural do Paraná sintonizados com os anseios e expectativas do quadro social que se construiu ao longo dos anos. Ações políticas , posicionamentos corajosos e campanhas vitoriosas formam o substrato onde as diversas lideranças construíram a história da Rural . E foi a precisão com que estas lideranças atuaram que tornou a história da Rural tão respeitável. Nossos líderes , conseguiram ao longo de tantos anos identificar com precisão os pontos fundamentais de interesse dos agropecuaristas paranaenses e atuar com a precisão necessária .

E é este o desafio que a Sociedade Rural do Paraná enfrenta. Enfrenta o desafio de identificar prioridades em um mundo que se desenvolve sob um ritmo historicamente inédito. A imensa quantidade de informações que estamos sujeitos é diretamente proporcional à quantidade de decisões , posicionamentos que uma entidade tem que tomar para que ela represente adequadamente seu quadro social. Inserida neste novo cenário , ao atuar em defesa da classe , a entidade precisa ser maleável o suficiente para não se prender à fórmulas bem sucedidas em determinado momento mas que , muito rapidamente , tornam-se obsoletas e inadequadas .

Enfim , a Sociedade Rural do Paraná precisa modernizar sua operação adequando-se à nova realidade . Uma nova estrutura administrativa deve ser implementada pois as exigências gerenciais são cada dia mais complexas. Uma comunicação ágil e eficiente é fundamental para que a entidade se faça ouvir e para que seus associados sejam ouvidos. É essencial que a Rural seja capaz de continuamente modificar-se ao ritmo com que a sociedade conteporânea evolui. Somente assim , nossa entidade poderá honrar a história de representatividade e liderança que sempre exerceu na agropecuária paranaense.

Confronto Extemporâneo

Uma fazenda foi invadida. Há o confronto , segue-se tiroteio , o que resultou em um morto para cada lado e diversos feridos. Essa narrativa, que poderia muito bem descrever um fato ocorrido há 20 anos , na verdade descreve o que ocorreu esta semana , na região oeste do Paraná.

Além de extemporâneo, porque inclui atos de violência e barbárie dessintonizados com este início de século 21, o confronto transmite à sociedade uma mensagem que pode ser interpretada equivocadamente.

Quando a Via Campesina invade a área da Syngenta, pode-se imaginar que seja apenas mais uma invasão de “sem-terras”.Não é o caso.A invasão , que ocorre pela terceira vez,em flagrante desrespeito às sucessivas decisões judiciais,visa impedir a manutenção na área de um centro de pesquisas da multinacional. Quanto ao conflito, pode-se imaginar que se trate de algo envolvendo jagunços e capangas. Nada disso.Uma empresa de segurança protagonizou o enfrentamento.

Paradoxalmente, o que se questiona , à bala, à moda antiga, é extremamente novo: tecnologia e genética de produção de alimentos. A Via Campezina , conceitualmente contrária à tecnologia transgênica , em especial àquela desenvolvida por multinacionais, tenta fazer prevalecer seu ponto de vista de forma absolutamente inadequada: através da invasão, o que é uma violência. Por outro lado, houve o abandono da sensatez ao optar-se pelo confronto, em detrimento da opção pela via judicial.

É importante que se diga que ambos comportamentos são minoritários. A intransigência e a truculência da Via Campesina não contam com a aprovação majoritária, mesmo junto àqueles que questionam a conveniência da tecnologia transgênica. Quanto aos proprietários rurais, estes têm optado preferencialmente pela via judicial para terem garantido seu direito à propriedade. Por fim , como saldo da intransigência campesina e do respectivo confronto , restaram dois mortos , vários feridos e o retrocesso comportamental ao século passado.

Uma conta para todos pagarmos

Há alguns dias pudemos ver estampada na primeira página da Folha de Londrina, a fotografia de um grupo de “sem-terra”impedindo o acesso da Polícia Militar à Fazenda Mestiça. Como conseqüência, a PM não cumpriu a ordem de reintegração de posse em favor do proprietário, motivo daquela mobilização policial. Na ocasião, as autoridades de segurança de nosso estado entenderam haver um alto risco de confronto entre as partes, o que poderia resultar em feridos ou , em um cenário mais pessimista , até mesmo em perdas de vidas humanas. Aliás, a fotografia da Folha, mostrando uma barricada e uma linha de frente composta essencialmente por mulheres e crianças, avaliza a postura cautelosa com que a PM tratou a questão.

As reintegrações de posse inevitavelmente acontecem: a justiça determina e o governo , com maior ou menor agilidade, cumpre. Todavia, quando um movimento social ergue uma barricada posicionando mulheres e crianças em situação de confronto , coloca a força policial diante de um dilema: cumprir a ordem judicial ou recuar, em favor da precaução. Quando, prudentemente, há a opção pela segunda alternativa, além do proprietário continuar sofrendo os prejuízos da invasão, todos perdemos. A sociedade se enfraquece porque suas ferramentas legais perdem efetividade, desenvolve-se a sensação do desamparo, da perda da autoridade do Estado, da descrença no estado democrático do direito, o que é ruim para todos, inclusive para os invasores.

Além disso , ao desencadear-se um procedimento de reintegração de posse , a mobilização de tropas , o seu deslocamento , alimentação , transporte , etc, um volume importante de recursos do estado é destinado a estes fins. Analisando-se isoladamente uma invasão , isso não chega a ser impactante , mas a contabilização de centenas de invasões ao longo de anos nos faz imaginar quantas escolas , postos de saúde , tratores solidários , ou outros benefícios, poderiam ser financiados com tais recursos.

Nós acreditamos que políticas específicas para a agricultura familiar , o incentivo à diversificação , à agroindustrialização ,ao cooperativismo, às alianças mercadológicas, etc , são capazes de aumentar a renda por unidade de área, o número de empregos , enfim , garantir que o agricultor se mantenha junto à terra , sob condições de sustentabilidade. Temos testemunhado , também , que após anos e anos de invasões e reintegrações de posse sucessivas , a persistência daquela prática é a comprovação evidente de sua ineficiência.

Observado isto , não há como não apelarmos ao bom-senso . As sociedade não pode mais arcar com os desgastes e custos causados pela opção dos movimentos sociais pelas invasões. Não podemos arcar com os custos de uma proposta ilegal e inadequada , um erro de avaliação , um projeto incapaz de atingir o objetivo a que se propõe. Não se faz aqui, absolutamente, uma negação à respeito da necessidade de inclusão social de um contingente respeitável de brasileiros , tão pouco uma desqualificação da luta por garantir mais justiça social. Não se trata disso.

Entretanto, não podemos compactuar com o que aqui já foi descrito. As invasões precisam parar porque ao longo dos anos foram incapazes de promover as modificações fundiárias a que se propunham. Também, porque geram um custo imenso para todo o conjunto da sociedade. Finalmente, porque expõe vidas humanas ao risco óbvio decorrente do encontro, sob tensão, de policiais militares, com suas armas e invasores com suas mulheres e crianças...

Um Rural Tecnoshow para Todos

Ao organizarmos a segunda edição do Rural Tecnoshow, procuramos cumprir com os objetivos óbvios que um evento como este deve contemplar: transferir tecnologia, conhecimento e informação a produtores, técnicos e estudantes ligados ao setor agropecuário. Para que nossa programação fosse diversificada e abrangente, capaz de atender a um perfil variado de interessados, procuramos envolver as nossas diversas diretorias específicas na organização de nosso evento.

Com o objetivo de sermos precisos na seleção de temas, nos utilizamos dos resultados obtidos em uma pesquisa feita durante a ExpoLondrina 2007. Na ocasião, o tema mais solicitado foi o transgênico e é por isso que nossa programação conta com seminário amplo e esclarecedor sobre o assunto. Entretanto, entendemos que uma entidade de classe como a Sociedade Rural do Paraná não deve agir de maneira simplesmente reativa, como nesse caso. Não deve limitar-se a atender a expectativa dos produtores . Deve, sim, criar expectativas, apresentar alternativas, assumindo um papel indutor, definitivamente pró-ativo. Acreditamos, também , que nossa entidade deve ampliar e análise conjuntural além da esfera agropecuária ao eleger temas quando atua como indutora e fomentadora.

A partir destas convicções , incluímos em nossa programação temas que , em última análise , serão capazes de promover benefícios não apenas ao setor agropecuário , mas a sociedade em toda sua abrangência. É por isso , inclusive , que o conteúdo de nossa programação sugere , induz , a diversificação e a verticalização da produção agropecuária. Acreditamos que assim estaremos também aumentando a geração de empregos , de renda por unidade de área , fixando o homem no campo, evitando o inchaço das periferias metropolitanas e todas as conhecidas conseqüências que tal fato é capaz de gerar. A rigor , assumimos a responsabilidade de gerar renda e interferir diretamente no desenvolvimento econômico e social de Londrina e de nosso estado.

Enfim, é com esta dimensão, com este nível de responsabilidade que fortamos o II Rural Tecnoshow. Um evento capaz de transferir conhecimento diversificado e qualificado, capaz de propiciar benefícios diretos ao produtor. Mais do que isso, um evento comprometido com o desenvolvimento de uma sociedade cada vez mais justa e fraterna

terça-feira, 14 de julho de 2009

Crise agrícola: solucionar para não eternizar

Outra vez. Parece que o tempo passa e as questões agropecuárias permanecem imutáveis, estáticas, repetitivas. Parece que a sensação tão prazerosa de tranqüilidade que o cenário rural de fato nos propicia, milagrosamente consegue promover o impossível, o fisicamente improvável, a materialização do absurdo. Na agropecuária, o tempo pára! Na agropecuária, anualmente, os fatos se repetem, os produtores reafirmam seus problemas, a classe política se levanta inflamada, as lideranças fazem os mais espetaculares discursos. Ano após ano.


Safra após safra, para o desespero de cada agropecuarista, para o tédio absoluto da população e o descrédito cada vez maior perante toda a sociedade. Não podemos mais aceitar este estado de coisas. Não podemos sequer considerar a possibilidade de, mais uma vez, mobilizarmos o setor, a bancada parlamentar, o sistema sindical e as diversas formas de representação para, daqui a um ano, voltarmos a nos reunir, a debater, como que atestar a nossa incompetência, nossa incapacidade de negociação, o desprestígio de nossa representação parlamentar, a ineficiência do governo federal.


Precisamos enfrentar o problema em busca de soluções. Custe o que custar. Porque, a curto prazo, os produtores não mais terão como arcar com custo algum, espoliados, descapitalizados, totalmente à mercê das instituições bancárias, autoras dos acordos paliativos anteriores. A população, a sociedade em sua totalidade, não consegue compreender que atividade misteriosa é esta que é tão poderosa, a ponto de rechear as manchetes de todos os jornais com as espetaculares safras produzidas e, ao mesmo tempo, repetir-se infinitamente em busca de socorro, de ajuda, da esmola política anual.


Na verdade, a agropecuária atual, embelezada sob o codinome agronegócio, está a um passo de se tornar, sob o ponto de vista político, uma nova “indústria”, uma nova “indústria da agropecuária”, com todo o sentido pejorativo similar ao que a expressão “indústria da seca” já carrega conseqüência das soluções apenas parciais de cada ano. Não podemos mais aceitar soluções paliativas! Não podemos mais aceitar que os nossos governos tratem a questão agropecuária sazonalmente, sem construir as soluções definitivas essenciais.


O agropecuarista anualmente se desfaz de patrimônio e estoques, consumindo literalmente sua própria carne, para honrar acordos com as instituições financeiras, estas absolutamente imunes às conseqüências da realidade cambial e da falta de rentabilidade da atividade. Muitos podem se perguntar: “E a super safra? E a produtividade espetacular desta safra?” De fato, colhemos volumes recordes, conseguimos excelentes níveis de produtividade. Entretanto, não foi suficiente para garantir a renda necessária à quitação de compromissos renegociados, fruto de cinco safras frustradas e de uma reversão de relações cambiais, conforme números levantados por um extraordinário trabalho feito pela FAEP.


A realidade é que o que se conseguiu no ano passado foi apenas uma prorrogação do problema e que, em se considerando as taxas de juros aplicadas, contribuiu para o agravamento da situação do produtor endividado. Não foi pior porque as condições climáticas foram extremamente favoráveis. Um caso clássico de “mais sorte do que juízo. "Infelizmente a situação de endividamento do agropecuarista foi construída como conseqüência de um conjunto de fatores absolutamente inéditos. Somou-se à óbvia dificuldade gerada pelas frustrações de safra uma reversão das relações cambiais entre o Dólar e o Real absolutamente imprevisíveis.


Diante desta situação inusitada, diante do ineditismo, precisamos de soluções também inéditas, capazes de se contraporem de maneira eficiente a essas causas do endividamento. Neste caso, a ortodoxia da simples rolagem da dívida não é suficiente: precisamos de soluções heterodoxas, tão heterodoxas quanto foram inéditas as condições que levaram o agropecuarista ao endividamento. O mais importante é que essas soluções sejam definitivas para que nossa atividade supere as dificuldades que enfrenta, para que o agropecuarista se liberte das negociações anuais, para que não se torne refém de políticos, governos e entidades de classe, para que não nos transformemos em uma nova indústria da ineficiência, em uma futura “indústria da crise agropecuária”, eternamente deficitária e submissa.

A Salvação da Lavoura é a Salvação da Lavoura



A crise financeira mundial tem suas origens conhecidas : o crédito hipotecário americano . Para explicar de maneira simplificada o que ocorreu , já foram elaboradas as mais diversas analogias.Uma das boas explicações é aquela, que compara os banqueiros que emprestaram dinheiro a clientes com cadastro duvidoso para que comprassem imóveis, a um dono de bar, que resolveu vender fiado aos bêbados do bairro para aumentar suas vendas. Ao final , os bêbados encheram a cara e não deram bola para a caderneta do boteco. De maneira similar , os americanos não honraram suas hipotecas imobiliárias junto aos bancos credores quebrando , inclusive , alguns deles.


O Presidente Lula , que adora uma metáfora , foi preciso ao explicar os efeitos da crise hipotecária americana. Segundo ele , o que ocorre é como uma briga de bar , que começa com dois brigando , sobra tapa para todo mundo e , às vezes , até cadeirada para quem estiver apenas passando pela calçada. Ao Brasil , aparentemente ,sobrou uma cadeirada.
Cadeiradas à parte , o fato é que , como conseqüência à crise americana , precisaremos viver e produzir em um mundo diferente , com disponibilização de crédito de forma mais seletiva e com um ritmo de crescimento menor.


Entretanto , tudo indica que o setor agropecuário deverá ser um dos menos impactados no que se refere à demanda, pois não há indício algum de que o consumo mundial de alimentos vá diminuir. Isto se deve porque em uma escala já conhecida de prioridades, o alimento sempre será o último item a ter seu consumo deprimido.É por isso , inclusive , que nos parece ser , entre tantas importantes frentes de atuação do Governo Federal Brasileiro , a disponibilização de crédito ao setor agropecuário uma ação de baixíssimo risco pois , certamente , o setor de alimentos será pouco impactado por qualquer pressão externa recessiva. Somando-se a esta observação a importância das exportações agropecuárias no resultado da balança comercial brasileira , fica evidente que garantir a produção é a certeza de importantes receitas para as contas federais.


No momento , acompanhamos a atuação do Governo Brasileiro criando mecanismos de apoio e suporte ao setor financeiro e também os movimentos na direção a um apropriado auxílio a alguns setores produtivos , como o da construção civil e o automotivo. São importantes segmentos de nossa atividade econômica que merecem as maiores atenções de nossas autoridades econômicas.


Contudo, viabilizar crédito, tanto à produção quanto à comercialização agropecuária , e renda , através de preços mínimos justos , garantirão não apenas empregos , mas também as essenciais receitas que o momento exige ,através da exportação dos alimentos que certamente continuarão a ser consumidos por este mundo afora. Não existe outra atividade econômica neste país que possa reagir tão previsivelmente e de forma tão vantajosa quanto a da produção de alimentos principalmente pela abrangência dos benefícios que gera. Em síntese e com o perdão dos trocadilhos , será a”a salvação da lavoura”,e não a salvação de qualquer outra atividade econômica , que será capaz de garantir que “ a vaca não vá para o brejo”.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Discurso de Abertura da 49ª ExpoLondrina

Estamos abrindo, pela quadragésima nona vez consecutiva , nossa exposição. Elegemos como tema central “produzir é preservar” porque entendemos ser essencial multiplicarmos , popularizarmos as discussões em torno do desafio de equilibrarmos a produção de alimentos e a preservação de nosso meio ambiente.


Objetivamente , entendemos que nossa legislação ambiental necessita de aprimoramentos e quando propomos o debate entre produtores e ambientalistas e isto ocorrerá durante nossa Expolondrina, o fazemos convictos de que poderemos aprofundar nossos conhecimentos e , inclusive, elaborarmos propostas capazes de contribuir para a necessária conciliação entre a produção de alimentos e a preservação ambiental


A verdade é que já passou da hora de discutirmos estas questões , especialmente porque tanto a prática da produção de alimentos quanto grande parte das ações relacionadas à preservação ambiental são exercidas no mesmo espaço físico, o que transforma em obrigação , e não em mera liberalidade , a participação dos produtores nessa discussão.São questões tão importantes que não podemos nos dar ao luxo, inclusive, de nos sujeitarmos à indevidas utilizações eleitorais e ideológicas ou a patrulhamentos de qualquer natureza, sempre presentes quando abordamos tais temas. Tais interferências são absolutamente irrelevantes pois o ambiente global e a perspectiva de desabastecimento mundial de alimentos abrange a todos nós, independentemente de raça, credo , orgulho nacional ou convicção política. Pelo contrário , determinados , devemos trilhar nossas ações sob o pragmático compromisso tanto com a preservação ambiental quanto com o fundamental e permanente combate à fome mundial.


Excelentíssimo senhor Ministro da Agricultura Reynolds Stephanes , esta instituição é conhecedora dos esforços que vossa excelência emprega para racionalizar e tecnificar as discussões em torno dos aprimoramentos necessários à nossa legislação ambiental e nós externamos nossos agradecimentos pela sua determinação e ousadia ao iniciar tal pocesso.


Há um ano , senhor ministro , manifestamos nosso apoio aos seus esforços na busca por uma renegociação definitiva das dívidas agrícolas e hoje podemos testemunhar que , muitos dos produtores que àquela época encontravam-se à beira do completo desespero , estão novamente aqui em uma condição muito mais favorável , com muitas de suas dívidas prorrogadas, refinanciadas e com sua capacidade de produzir reestabelecida. Temos consciência de que o processo de renegociação das dívidas agrícolas não conseguiu contemplar na plenitude todos os aspectos de sua composição , mas é inegável que muito foi conseguido e que o senhor ministro tem o mérito de ter coordenado este processo.


E é por isso , senhor ministro , que a Sociedade Rural do Paraná coloca-se à disposição para colaborar em uma necessária reformulação de nossa política agrícola que hoje se baseia essencialmente na concessão de crédito . Necessitamos de uma política agrícola contemporânea , lastreada por preços mínimos que garantam a renda ao produtor , amparada por seguros contra perdas e catástrofes , desvinculada de índices de produtividade, que apenas servem aos interesses de fornecedores de insumos , obrigando o agricultor a produzir , mesmo quando o processo se revela deficitário, desencadeando seu endividamento e as já conhecidas renegociações que custam tão caro tanto à produtores quanto ao governo e à própria sociedade.


Ministro Paulo Bernardo , nosso parque de exposições está completamente tomado pelos nossos parceiros expositores. Ainda ontem à noite , abrimos nossa bateria de leilões, que é 15% maior que a do ano passado, com absoluto sucesso. Hoje à noite , nosso recinto de shows será completamente ocupado pelos nossos visitantes porque foram vendidos todos os ingressos disponíveis antecipadamente. E essas pessoas que vieram com seus carros , com suas motos ou de ônibus irão se deliciar na Feira dos Sabores do Paraná, em nossas barracas de alimentação , irão passar alguns momentos de diversão em nossa área de entretenimento: isso é a força de uma safra agrícola. É a força de uma safra que , mesmo não sendo completamente cheia , desafia , frontalmente , qualquer crise econômica mundial.A pronta atuação do governo em garantir crédito no plantio tem aqui , nesta exposição , a comprovação do acerto de tal medida. Investir na agricultura é assim mesmo , é plantar e colher : grãos , empregos , desenvolvimento , crescimento , solução. Nós contamos com a especial atenção do Governo Federal para o próximo plano de safra.


Governador Roberto Requião ,em 2009, novamente contaremos com uma agenda técnica sensacional. Entre palestras , seminários , debates e visitas monitoradas esperamos receber oito mil produtores , desde agricultores familiares até expoentes da agricultura empresarial. Informação , capacitação e transferência de tecnologia, como já foi explicado por Adam Smith, são formas inteligentes de se produzir riquezas e a Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná e a Emater , Governador Roberto Requião , tem sido grandes parceiras da Sociedade Rural do Paraná neste processo . Da mesma maneira , Governador , não podemos deixar de externarmos nossa satisfação em receber pela segunda vez a Feira Sabores do Paraná , expressão perfeita da agroindústria familiar. Ações como esta , como o programa trator solidário e tantos outros, são aqueles capazes de promover o verdadeiro desenvolvimento agrário , desenvolvimento que buscamos e apoiamos, superando em muito as estratégias simplistas, autoritárias e extemporâneas da mera intervenção fundiária.


Nossos pavilhões estão repletos da melhor genética . Nossa área de exposição comercial está totalmente tomada pelo que há de mais moderno na tecnologia da produção. Os agentes financeiros parceiros da agropecuária estão aqui presentes com as linhas de crédito para que se realizem os grandes negócios nestes próximos dez dias: estamos diante do maior evento dos sessenta e dois anos de nossa história.


Esta grandiosidade somente é possível graças ao comprometimento de nossos diretores, conselheiros , sócios , colaboradores e expositores. Também pelo empenho de nossa prefeitura municipal de Londrina e da prefeitura de nossa cidade vizinha de Cambe. Enfim , nossos agradecimentos a todos os presentes pela presença nesta solenidade de abertura oficial de nossa ExpoLondrina , mostra da excelência do que se faz e produz no Paraná e no Brasil , o maior espetáculo de nossa terra.

Discurso de Abertura da 48ª ExpoLondrina

Estamos abrindo, pela quadragésima oitava vez consecutiva, nossa exposição. Elegemos como tema central “a busca pela produção sustentável de alimentos” porque acreditamos que a prática da produção de alimentos não deva gerar seu próprio fim. Pelo contrário, esta prática deve garantir sua perenidade. Deve garantir a manutenção da fertilidade de nossos solos, da qualidade de nossas águas, de nosso ambiente, da saúde financeira de cada produtor.

A produção sustentável que buscamos é aquela que procura o apoio das variadas tecnologias que preservem o substrato onde é praticada. Estamos falando em melhoramento genético animal e vegetal, na prática do plantio direto, na rotação de culturas, na agricultura de precisão e na agricultura orgânica.

Quando pregamos a preservação da qualidade de nossas águas, insumo essencial não apenas da produção de alimentos, mas da própria vida, também falamos da utilização racional de agroquímicos, dos programas de microbacias e da recomposição de nossas matas ciliares. Entendemos, inclusive, que a abordagem genérica de nossa legislação sobre reserva legal e matas ciliares, deva ser objeto de aprimoramento, levando-se em consideração em primeiro lugar nossos compromissos ambientais e, também , as particularidades hidrográficas e topográficas regionais para que os diversos aspectos da sustentabilidade sejam contemplados.

Ao inserirmos em nosso projeto de produção sustentável os aspectos econômicos, o fazemos porque a saúde financeira do produtor é fundamental para que ele se mantenha junto à terra , produzindo alimentos.

Excelentíssimo senhor Ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, esta entidade é conhecedora da precisão com que vossa excelência identifica os principais desafios da agropecuária brasileira e reconhecemos seu empenho na busca pela superação destes desafios. Há um ano, vossa excelência pregava a redução das taxas de juros pagas pelos agropecuaristas e isto já é uma realidade. As diversas prorrogações dos vencimentos das dívidas também demonstram com clareza sua determinação em criar as condições necessárias ao plantio desta safra que, diga-se de passagem, deverá ser histórica, tanto pela quantidade a ser colhida, quanto pela renda bruta que deverá gerar. É por isso, senhor ministro, que apoiamos seus esforços em busca não apenas de mais uma prorrogação de dívidas, mas da renegociação deste passivo em caráter definitivo. Não pedimos perdão de dívidas, muito menos privilégios. Apenas que as particularidades do processo de construção deste endividamento sejam levadas em consideração. Que os compromissos finais tenham a dimensão proporcional à capacidade de pagamento dos produtores.

Ao longo destes últimos vinte meses à frente desta entidade, pude debater o assunto com vários produtores que estão hoje aqui. Homens de bem, com histórias de vida marcadas pela conduta reta, homens de mãos calejadas, da tez marcada pelo trabalho de sol a sol. Homens que, apesar de terem produzido as maiores safras da história deste país encontram-se ainda impossibilitados de honrarem seus compromissos.

É em nome destes homens de bem, destes produtores, que a Sociedade Rural do Paraná coloca-se à disposição do senhor ministro para enfrentar qualquer que seja o desafio para que se construa uma solução para o endividamento da agropecuária brasileira de forma definitiva.
Pela primeira vez, nossa exposição abrigará a Feira de Sabores do Paraná. E é com muita satisfação que o fazemos pois, ao abrigarmos em nosso pavilhão internacional mais de cem produtores da agricultura familiar, estamos ratificando nosso compromisso com a agroindustrialização, com a verticalização da produção da pequena propriedade, aumentando a renda por unidade de área, gerando a demanda por mão de obra, garantindo a manutenção do produtor no campo. Aliás, programas conduzidos pela Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná como os da Agroindústria Familiar, do trator solidário, das alianças mercadológicas, da irrigação noturna, são aqueles capazes de transformar, de modificar, de reformar a estrutura agrária de nosso estado e de nosso país.

Esta maneira de promover a reforma de nossa estrutura agrária conta e contará sempre com o apoio entusiasmado da Sociedade Rural do Paraná. Aquela outra extemporânea, truculenta, que impõe uma visão única do processo, que rechaça a lei e a democracia através da invasão de fazendas, esta entidade recusa-se a aceitar.

Não negamos a necessidade da inclusão social. Não optamos por uma abordagem maniqueísta sobre o tema. Diante da violência de uma invasão, nosso posicionamento sempre será pautado pela absoluta priorização da vida humana e pela observância radical da lei.
Mas, sinceramente, para nós da Sociedade Rural do Paraná, reforma agrária é o que está exposto em nosso Pavilhão Internacional, na feira Sabores do Paraná, é a força modificadora intrínseca dos programas governamentais aqui citados: o resto não passa de desordem e violência inúteis.

Daqui a pouco, abriremos o seminário “Por uma produção sustentável”. Este evento, que contará com importantes palestrantes, tanto nacionais quanto internacionais, além de introduzir em nossa exposição um padrão inédito de discussão, abordando as mais atualizadas questões de nossa agropecuária, simboliza os primeiros passos em direção à consolidação da internacionalização de nossa exposição.

O Paraná, destino obrigatório de todos os grandes compradores de alimentos mundiais, terá cada dia mais na ExpoLondrina sua grande vitrine para apresentar ao mundo o que se melhor produz em nossas terras, em nossos campos. Este evento, importantíssimo em nossa agenda, somente foi possível graças ao Governador Roberto Requião que, desde o primeiro momento, não apenas apoiou a iniciativa, como também demonstrou entusiasmo e viabilizou, sob todos os aspectos sua realização. Governador Roberto Requião, em nome da Rural, nossos sinceros agradecimentos.

Nossos pavilhões estão repletos da melhor genética pecuária. Nosso parque de máquinas apresenta ao produtor o que há de mais moderno na tecnologia da produção. Os agentes financeiros parceiros da agropecuária estão aqui presentes ofertando o crédito para que os melhores negócios possam ser realizados nos próximos dez dias. Nossa agenda técnica propiciará o debate, a discussão, a transferência do conhecimento diretamente ao produtor: estamos diante da maior feira dos sessenta e um anos de nossa história.

Esta grandiosidade somente é possível graças ao comprometimento de todos nossos diretores, conselheiros, sócios, colaboradores e expositores. Também pelo especial empenho de nossa prefeitura municipal de Londrina, de suas secretarias e autarquias, lideradas pela pasta da agricultura. Também agradecemos à Prefeitura de Cambé pela sempre pronta atenção às nossas demandas. Enfim, nossos especiais agradecimentos a todos os presentes pela honra de nos prestigiar-nos nesta solenidade de abertura de nossa querida Exposição, a grande mostra da excelência do que se faz e se produz no Paraná e no Brasil, o maior espetáculo da nossa terra.

domingo, 12 de julho de 2009

Discurso de Lançamento da 47ª ExpoLondrina

Quando nos propusemos a lançar a ExpoLondrina com seis meses de antecedência, é evidente que não se trata de uma iniciativa inédita ou inovadora.
Na verdade, esta antecedência pretende apenas possibilitar que este produto extraordinário, que é a ExpoLondrina, esteja formatada de maneira que todos os envolvidos no evento possam obter os maiores benefícios, os melhores resultado, enfim: obter o máximo resultado que este evento possa gerar.

A ExpoLondrina 2007 contará com uma série de novidades estrategicamente elaboradas, sempre com o objetivo de criar as condições ideais para que os grandes negócios agropecuários sejam aqui realizados. São novidades capazes de integrar e mobilizar os diversos setores da economia e da sociedade paranaense. Capazes de desencadear um círculo virtuoso, cinegético, promovendo, inclusive, o maior fluxo de visitantes de toda a história de nossas exposições.

A ExpoLondrina 2007 será a primeira feira organizada pela nossa diretoria. Para sermos bem sucedidos, recorreremos aos conhecimentos acumulados ao longo dos 60 anos de história desta entidade e a experiência adquirida na organização de 46 exposições agropecuárias.

Aliás, é também em respeito a esta história, à tradição de exercer a vanguarda no setor, que elaboramos as novidades que farão parte de nossa feira. Promover a nossa maior exposição de todos os tempos é a meta. Organizar a maior mostra agropecuária, promover o maior fluxo de visitantes, realizar o maior volume de negócios e proporcionar retorno aos investidores, parceiros e expositores é a nossa firme determinação.

E é importante que se diga, que tal posicionamento só é possível pela existência de nossa maior patrimônio: o sócio da Sociedade Rural do Paraná. E é este extraordinário quadro de associados que nos dá a confiança para enfrentarmos os maiores desafios, porque todos os desafios que esta entidade enfrentou foram vencidos.

Portanto senhora e senhores, quando esta diretoria lança a proposta aqui apresentada, quando nos atrevemos a convidá-los a engajarem-se neste projeto grandioso, o fazemos porque contamos com o respaldo e confiança, o conhecimento acumulado pelos nossos associados que construíram o respeito e a credibilidade que esta entidade possui e merece.

Muito obrigado a todos os nossos parceiros, expositores, investidores e colaborados que estão aqui presentes. Nós contamos com seu dinamismo, com seu empreendedorismo para a realização da grande ExpoLondrina 2007. Nós conhecemos e reconhecemos o papel fundamental que todos vocês cumpriram nestes 60 anos de história, da nossa história rural.

E a todos os associados da rural, reafirmo nosso agradecimento por tudo que foi feito na construção desta entidade. Temos certeza que juntos promoveremos a maior ExpoLondrina de nossa história. Muito obrigado e até o dia 5 de abril de 2007, porque em nome da Sociedade Rural do Paraná, eu declaro oficialmente lançada a ExpoLondrina 2007, a maior exposição agropecuária da América Latina.

Discurso de Abertura da III Rural TecnoShow

Pela terceira vez , estamos abrindo nosso RuralTecnoshow. O que nos proporciona maior satisfação em promovermos este evento é a possibilidade de ampliarmos a abrangência dos efeitos desencadeados para além dos limites da agropecuária , do agronegócio o que , aliás , sempre foi nosso meta , ou atrevimento , desde o primeira edição.

Quando optamos por abordarmos temas como a agroinflação , agroindustrialização , silvicultura e integração lavoura pecuária neste nosso evento , o fazemos porque estamos convictos de que os frutos destas discussões , serão capazes de transferir benefícios ao agropecuarista , é verdade , mas também à sociedade como um todo. A inflação dos preços agrícolas evidentemente conecta-se com o agropecuarista e a sua compreensão é vital para o processo de tomada de decisões do produtor. Mas é claro que a elevação dos preços dos alimentos gera reflexos a toda à sociedade e a perfeita compreensão deste fenômeno não apenas qualifica o processo de tomada de decisão do produtor como também poderá legitimar a essencial busca por renda no exercício de suas atividades.

A agroindustrialização , de maneira similar , é sim capaz de impactar diretamente o produtor mas a forma como amplia a geração de empregos no campo, fixando-o em sua origem , evitando sua migração para a periferia das grandes cidades, com a saturação dos equipamentos urbanos e a conseqüente deficiência das infra-estruturas de moradia , de saúde e segurança, impactam diretamente a comunidade urbana . É sob esta ótica abrangente, que leva em consideração os diversos aspectos, que temos eleito opções , não nos limitando apenas às considerações corporativas.

Excelentíssimo senhor Ministro da Agricultura Reinhold Stephanes , o evento que inauguramos hoje conta com um importantíssimo apoio do Ministério da Agricultura : nossos sinceros agradecimentos senhor ministro. Este apoio , que enriquece nosso evento com o envio de palestrantes , com infra-estrutura , com a contratação de técnicos e tantas outros benefícios reforça a sua já notória sintonia com os produtores agropecuários.O senhor ministro identificou com precisão a necessidade da redução das taxas de juros e a implementou . Também , elegeu como prioridade a tarefa da renegociação das dívidas agropecuárias e isto também foi sacramentado. Acompanhamos de perto suas intervenções na criação do fundo de catástrofe e atual busca pela independência no que se refere aos insumos agrícolas entre outras incontáveis e acertadas ações. È por isso senhor ministro que , desde já , nós o consideramos um poderoso aliado para o aprimoramento de nossa legislação ambiental.

A verdade é que já passou da hora de discutirmos esta legislação, especialmente porque tanto a prática da produção de alimentos quanto grande parte das ações relacionadas à preservação ambiental são exercidas no mesmo espaço físico o que transforma em obrigação , e não em mera liberalidade , a participação do setor agropecuário nesta discussão.Em nosso ponto de vista tratam-se de questões tão importantes que não podemos nos dar ao luxo, inclusive , de nos sujeitarmos às indevidas utilizações eleitorais e ideológicas ou ao patrulhamento de qualquer natureza. Tais interferências são absolutamente irrelevantes pois o ambiente global e qualquer perspectiva de desabastecimento mundial de alimentos abrangem a todos nós , independentemente de raça , credo , orgulho nacional ou convicção política.
Por isso , senhor ministro , que esperamos contar com sua sensatez na expectativa de reformarmos o inadequado decreto 6514 que deveria regulamentar a lei de crimes ambientais e , também , nosso Código Florestal Brasileiro.

Tradicionalmente , os eventos técnicos realizados durante todos os eventos promovidos pela Sociedade Rural do Paraná contam com o apoio absoluto da Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná e da Emater o que novamente ocorre neste terceiro Rural Tecnoshow. Senhor Secretário , nossos agradecimentos e peço que estenda nossos agradecimentos ao Secretário licenciado Walter Bianchini e ao Senhor Governador Robeto Requião.

Outro de nossos grandes parceiros é a Federação da Agricultura do Estado do Paraná que tem aqui em Londrina , no Sindicato Rural de Londrina , através de seu presidente Narciso Picinatti , a pronta e eficiente atuação , capaz de viabilizar as importantes ações de parceria entre nossa entidade e o sistema sindical. Muito obrigado Narciso e , por favor estenda nossos cumprimentos ao presidente Ágide Menegheti .

Hoje , assinaremos o ato executivo que autoriza o início dos trabalhos de implantação de nossa Rural Dinâmica Paraná , uma importantíssima estratégia que assumimos para colaborarmos com as diversas instituições de pesquisa e extensão na transferência de conhecimento e tecnologia ao produtor. Esta nossa nova iniciativa da Rural só foi possível devido à pronta atuação dos senhores Alexandre Catelan , da Embrapa , Pichetti, presidente do Iapar, Wilmar Marçal , magnífico reitor da UEL, Gil Abelin, Chefe do Núcleo Regional da SEAB, Ildefonso da Emater
e especialmente aos diretores da Sociedade Ruiral do Paraná José Antônio Fontes e Vacir Favoreto que , com sua coragem e capacidade empreendedora demonstraram serem capazes de simplificar e traduzir em realização qualquer desafio. Uma salva de palmas para nossos diretores , por favor.

Estamos convictos de que a terceira edição do Rural Tecnoshow já é uma importante sinalização do destino vitorioso deste evento. Contamos este ano , inclusive , com a realização , sinultânea da primeira Expoinel PR , a Exposição Internacional da Raça Nelore , uma promoção da Associação dos Neloristas do Paraná. Ao presidente da Anel , sr José Carlos Romanelli , nosso compromisso de colaborarmos ao máximo com o sucesso deste grandioso evento e fica aqui publicamente registrados nosso convite e manifestação de disposição em abrigar , de maneira definitiva , este evento durante as próximas edições do Rural Tecnoshow.

Esta nossa confiança no futuro deste evento somente é possível graças ao trabalho de todos nossos diretores , conselheiros , sócios , colaboradores e patrocinadores. Pelo especial empenho de nossa prefeitura municipal de Londrina e também de Cambe , onde se encontra nosso centro tecnológico que abrigará o Ruaral Dinâmica Paraná. Enfim, nosso reconhecimento ao nosso diretor de atividade agroindustrial Luiggi Carrer , pelo brilhante trabalho na coordenação geral do Rural Tecnoshow e nossos especiais agradecimentos a todos vocês que nos honram pela sua presença nesta cerimônia de abertura deste evento que é , essencialmente , a materialização de compromissos que esta entidade cultiva para com a atividade a agropecuária e com a sociedade em toda a sua abrangência.