segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Diretor da FAO critica indefinição quanto a prazos para erradicar a fome


ROMA, 16 NOV (ANSA) - O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, manifestou hoje sua insatisfação com a recusa dos governantes em estabelecer prazos para a erradicação da fome no mundo. Diouf está em Roma, onde participa da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar da FAO, junto a cerca de 60 chefes de Estado e de Governo, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva."Não estou satisfeito com o fato de que algumas propostas que eu havia feito não foram acolhidas. Quando fixamos um objetivo, é preciso quantificar os termos, os prazos, a quantidade e as condições", queixou-se o diretor-geral da FAO. Diouf também disse ter sido excluído das negociações para definir os termos da declaração final da cúpula. "Eu não negociei, aliás fui excluído", enfatizou. "Devo aceitar os fatos, não negociei, e quem o fez não foi capaz de fixar uma data", complementou. Apesar disso, ele elogiou "a clara vontade de erradicar a fome na Terra", que foi expressada durante o primeiro dia da conferência, que será realizada até quarta-feira. Diouf também disse que a cúpula "abriu novas perspectivas" na luta contra a fome e a pobreza. Mas, apesar das críticas à falta de prazos, ele reconheceu que a aprovação da declaração final constitui "um passo à frente" em prol da erradicação da fome.Para Diouf, o fato de os países terem chegado a um acordo livrou a cúpula de fracassar. "Se não houvesse um acordo, teria sido um claro insucesso", avaliou. Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, lembrou que "hoje mais de 17 mil crianças morrerão de fome, um a cada cinco segundos". Ele destacou que seis milhões de crianças morrem por ano de fome. "Isto não é mais aceitável. Devemos agir", protestou. Ban também falou da próxima cúpula da ONU sobre o clima, que será realizada em dezembro em Copenhague. Segundo ele, é possível alcançar um "acordo significativo". O secretário-geral observou que "não pode haver segurança alimentar sem segurança climática"."Precisamos de US$ 10 bilhões de fundos nos próximos três anos para dar um salto de qualidade na redução das emissões nos países em desenvolvimento", declarou ele, que ainda reiterou sua disposição para tentar levar os países a se comprometerem a reduzir as emissões de gases poluentes.

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