segunda-feira, 31 de maio de 2010

Guerra biológica



Como o assunto hoje é agrotóxico, ou agroquímicos, como preferem os fabricantes, estou resgatando postagens antigas sobre o assunto.Essa aqui foi postada no dia 6 de janeiro deste ano, após a postagem 'Guerra Química", que também foi reposicionada aqui no blog.
Guerra biológica x Guerra química
Ontem falei da guerra química travada entre produtores e as pragas desta safra. Quem andou pelas áreas de soja do norte do Paraná ontem viu a desesperada aplicação de inseticidas e fungicidas já que há algum tempo ninguém conseguia entrar na lavoura para fazer qualquer aplicação.Entretanto, existem outras formas de se combater algumas pragas da soja e ,ao invés da guerra química, pode-se partir para a guerra biológica.

Baculovirus

O Baculovírus é um vírus que contamina e mata a lagarta da soja, Anticarsia gemmatalis.Quando as folhas de soja contaminadas com o micróbio são comidas pela lagarta, o vírus se multiplica no seu corpo e ela vai perdendo, aos poucos, sua capacidade de movimentação e de comer as folhas. As lagartas morrem de 7 a 9 dias após a contaminação e, depois de alguns dias, seus corpos apodrecem, soltando mais vírus sobre a soja, que serve para matar outras lagartas que vão aparecendo na lavoura. O Baculovírus possui alta eficiência para controlar a lagarta quando pulverizado sobre a lavoura, na dose recomendada.

Como iniciar a guerra biológica

O Centro Nacional de Pesquisa de Soja - Embrapa e também, atualmente, outras instituições de pesquisa e assistência técnica, produzem lagartas mortas pelo Baculovírus. Estas lagartas contaminadas são distribuidas aos sojicultores. São,então, esmagadas e o caldo resultante é aplicadas na lavoura de soja. Quando as lagartas começam a morrer na área tratada, estas podem ser coletadas e preparadas para uso em áreas maiores da propriedade ou mesmo armazenadas para uso na safra seguinte, sem que o agricultor precise aplicar inseticidas químicos para controlar a lagarta da soja. Bacana,né.

Pouco uso

O baculovirus já foi mais utilizado.Conversei com um industrial do setor de agroquímicos que me explicou que o processo de industrialização,que já existe , do baculovirus não é viável pelo pequeno prazo de validade do inseticida natural.Quanto aos produtores, estes acabam por optar pelos inseticidas tradicionais pela praticidade pois o Baculovirus exige um acompanhamento da lavoura diferenciado.Dependendo da "idade da lagarta" e da infestação, seu uso não é recomendado.

Outras armas biológicas

Existem outras armas biológicas tais como a "vespinha" para combater o percevejo da soja. Entretanto, não há dúvida que as ferramentas biológicas ainda estão em desvantagem quando comparadas às químicas principalmente quando se trata de praticidade.Por isso, quando falamos sobre preservação ambiental na agricultura,não podemos deixar de incluir na discussão a necessidade de recursos à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias ecologicamente corretas e sustentáveis, sob pena do discurso não encontrar amparo na realidade da atividade em questão.

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