Ao analisarmos os impactos da crise econômica internacional em nossa própria economia, paulatinamente evidenciam-se circunstâncias que nos permitem ampliar nossas avaliações, não nos limitando apenas às óbvias perspectivas relativas ao desempenho do PIB ou do comportamento deste ou daquele setor da economia. Mais do que isto, esta análise também nos propicia condições para analisarmos causas, efeitos e a lógica que sustenta estas observações.
Ciclo de crescimento
É inegável que ao longo dos últimos anos nosso país experimentou um ciclo de crescimento que, se não é inédito em termos quantitativos, já crescemos mais em outras épocas, contém evidências de sustentabilidade imperceptíveis em outros ciclos de crescimento. Crescemos porque , além de exportarmos cada vez mais, fomos um dos destinos preferenciais para o investimento em negócios no mundo. De maneira concomitante,experimentamos um importante avanço em nosso consumo interno, fruto de um claro aumento do poder aquisitivo especialmente de nossas classes menos favorecidas.
Douglas North
Segundo o prêmio Nobel de economia de 1993, Douglas North, países que possuem instituições sólidas crescem de forma consistente.Ele se refere à legislação clara, com garantia do direito à propriedade, à validade dos contratos e a um judiciário eficaz, além de marcos regulatórios ordenados por agências firmes a atuantes. Como que a ratificar esta afirmação, existe uma sincronia muito clara entre a democratização de nosso país, o conseqüente fortalecimento de nossas instituições e o crescimento econômico brasileiro dos últimos anos.
Últimos 15 anos
Ao longo dos últimos quinze anos pudemos experimentar eleições presidenciais livres e diretas, concomitantes com impecheaments e reeleições. De maneira similar à este cenário político, assistimos ao pleno exercício da liberdade de imprensa e do Ministério Público, conquistas fundamentais da constituição de 1988,capazes de colaborar com o fortalecimento de nossas instituições de maneira incisiva. Foi diante deste cenário que nosso país pode combater a inflação através do plano real, desestatizar alguns setores de nossa atividade produtiva e receber investimentos estrangeiros e nacionais. Foram estes investimentos que desencadearam o crescimento econômico capaz de colaborar na transformação de nosso mercado interno ao ponto deste ser o diferencial brasileiro quando observamos o impacto da crise mundial em nossa economia.
Salário mínimo
Por outro lado,quando Douglas North defende o papel do estado apenas como agente regulador e incentivador da iniciativa privada,abstendo-se de qualquer papel intervencionista,suas considerações entram em contradição com o papel benéfico que as políticas do “Bolsa Família” e do “Salário Mínimo” desempenham ao garantirem o crescimento do consumo interno brasileiro em 2009, especialmente das regiões Norte e Nordeste do país.
Revista Exame
Em artigo publicado pela Revista Exame no início de Abril, ao contrário das regiões Sul e Sudeste com economias menos dependentes das ações intervencionistas estatais,as citadas regiões Norte e Nordeste, especialmente beneficiadas pelas políticas citadas,deverão impactar positivamente no desempenho de nosso mercado interno que deverá ganhar importância ainda maior no desempenho geral de nossa economia. Aparentemente,a melhoria da distribuição de renda é entendida como um “fim” pelo economista e não como um “meio” para se enriquecer um país, como sugere,contrariamente, o artigo publicado pela revista Exame.
Evidências
As evidências são claras. O Brasil democratizou-se, fortaleceu instituições e o país enriqueceu. Uma relação de causa e efeito explícita e que se explica através da análise de fatos e números sugerindo fortemente um caminho para quem pensa em um país enriquecido e mais justo.
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