Há alguns anos, fui convidado, ou melhor, nossa empresa agropecuária familiar foi convidada a investir na Bolívia. Tratava-se de um projeto de agropecuária, envolvendo não apenas a produção, mas também transferência de genética bovina e de pastagens, de tecnologia reprodutiva bovina e de sementes de gramíneas, treinamento de mão-de-obra e muito mais.
Tarija
O projeto seria implementado no Departamento de Tarija. Este estado boliviano, tem parte de seu território na altitude de 2800m e outra na planície do seco chaco boliviano, às margens do rio Pilcomayo.
Petrobrás.
O projeto seria financiado pelos royalties que àquela época a petrobrás pagava ao departamento de Tariha. Conheci o Governador do departamento e o prefeito da capital. Ambos tinham o discernimento que aquela era a única oportunidade que teriam para mudar a realidade regional. Além do projeto agrícola, também existiam outros voltados ao saneamento, à educação, à agroindustrialização. Estavam até produzindo vinho lá nos 2800m .
Morales
Naquela época estávamos às vésperas das eleições presidenciais e decidimos aguardar o resultado pois não nos parecia haver garantias institucionais suficientes para fazer investimentos na Bolívia.Tudo dependia do governante em si.Lá, o governante se sobrepõe à frágeis estruturas institucionais.
Nada de projeto
Não precisa nem dizer que o projeto não foi para a frente. Com a eleição de Morales, uma de suas primeiras providências foi botar a Petrobrás para correr e aquele processo de modernização da Bolívia, de construção de infra-estrutura financiada pelos royalties da Petrobrás, deve estar sendo feito por outra via.
Credibilidade
O interessante é que,no fundo,estávamos tratando de credibilidade. Ninguém faz nenhum tipo de investimentos se não houver credibilidade. A Grécia, por exemplo, está à beira do caos social por não oferecer credibilidade na gestão de suas contas. Assim, ninguém está disposto a financiar o governo e este entra em inadimplência.
Remédio amargo
Falta de credibilidade exige recuperação de credibilidade.A Grécia, por exemplo, terá que promover intenso ajuste fiscal, com redução de benefícios, congelamento de salários e aumento de impostos ,sinalizando um equilíbrio à médio prazo para que a ajuda internacional mande dinheiro para lá.
Brasil já sofreu
Na década de 90, o Brasil ainda não contava com a confiança internacional e mesmo tendo uma condição fiscal razoável, foi contaminado pela crise russa e teve que passar por um ajuste fiscal para que a comunidade internacional nos ajudasse. Assim, mesmo com um cenário recessivo, o Brasil, rompendo a lógica do combate à recessão, aumentou juros, diminuiu seu déficit público e aumentou impostos. Tudo isso buscando a tal da credibilidade, moeda de troca de valor incalculável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário