Até pode parecer ficção, mas é coisa séria: estão roubando água doce do Brasil. A hidropirataria , como é chamado o tráfico de água brasileira para outros países é um assunto pouco conhecido , mas já observado e estudado por pesquisadores, inclusive da Petrobrás.O assunto é tão sério que dia 22 ocorreu uma audiência pública para discutir medidas contra o tráfico de água doce brasileira.
Água nos porões
O debate realizado pela Comissão de Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, foi proposto pelo deputado Lupércio Ramos (PMDB-AM). O parlamentar justifica o pedido lembrando que há denúncias de que navios de carga de empresas da Europa e do Oriente Médio estariam enchendo ilegalmente os porões com água do rio Amazonas para comercialização no exterior.
Preço da água
Estimativas apontam que cada embarcação é abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento naqueles continentes. De acordo com denúncia da revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, é grande o interesse pela fartura da água brasileira, considerando que é mais barato tratar águas usurpadas (US$ 0,80 o metro cúbico) do que realizar a dessalinização das águas oceânicas (US$ 1,50).
Alaska
Ainda de acordo com a revista, o transporte internacional de água já é realizado por meio de grandes petroleiros, que saem de seus países de origem carregados de petróleo e retornam com água. Exemplo disso são os navios-tanque que partem do Alaska, Estados Unidos – primeira jurisdição a permitir a exportação de água – com destino à China e ao Oriente Médio carregando milhões de litros de água.
Como funciona o tráfico de água
Segundo a revista Consulex 310, a ausência de fiscalização facilita o contrabando da água brasileira que é feita por petroleiros na foz do rio ou já dentro do curso de água doce. Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de um grande navio cargueiro. O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.
A lucratividade do negócio está no custo do tratamento dessa água. Empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio, trabalham com um custo por litro tratado muito inferior aos processos de dessalinização de águas subterrâneas ou oceânicas. Além disso, livram-se do pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus.
12% da água doce do mundo
Segundo pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia é considerada a grande reserva de água do Planeta para os próximos mil anos. Cálculos apontam que 12% da água doce de superfície se encontram no território amazônico. Mas algumas estimativas são menos conservadores e defendem que 26% da água do Planeta estariam aqui.
Mundo de água salgada
Apenas 3% dos dois terços de água de nosso planeta são de água doce, isso sem excluir o percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e nos cumes das grandes cordilheiras e acrescido das águas subterrâneas. Atualmente a água em estado líquido, representa menos de 1% deste total disponível.
Amazonas e Congo
As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente no Brasil. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados como limpos.
Fonte: ExpressoMT/Sérgio Ferreira com informações: ecoagencia.com.br e agenciabrasilia.df.gov.br
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