terça-feira, 9 de março de 2010

Entrevista




Há alguns dias concedi entrevista ao Jornal União, de Londrina. Quem a conduziu foi o Edson Vitoretti e , diga-se de passagem, ao longo de minha gestão na presidência da Rural, sua entrevista realmente foi das melhores pelas quais passei.

Estagiário


Realmente gostei da entrevista, pela profundidade e abrangência dos temas abordados e, para minha surpresa, ao final fiquei sabendo que o Vitoretti ainda é terceiro anista do curso de jornalismo da UEL. Ainda é estagiário!

Duas partes


O Vitoretti dividiu a entrevista em duas partes. Na primeira , investigou a ExpoLondrina e a própria Rural, o papel que ocupa, a função a que se destina e por aí foi. Na segunda parte, ampliou o universo de questões interrogando-me sobre diversas questões contemporâneas.

Governo Lula e agricultura

Como foi o desempenho do Governo Lula com relação à agricultura. Não podemos negar que durante este segundo mandato, o presidente Lula atendeu muitas questões doo setor agropecuário. Foram feitas as renegociações de dívidas, os juros oriundos dos recursos obrigatórios caíram e o crédito foi intensamente ampliado. O que ficou para trás foram a questão ambiental que precisa ser superada, conciliada entre produtores e ambientalistas; a ausência de uma política de renda ao produtor e sepultar definitivamente esta proposta ideologizada de reforma agrária baseada na reforma fundiária que, no fundo, pretende questionar o direito de propriedade. Isto a sociedade ainda vai ter que discutir despreconceituosamente e tratar de promover a inclusão social sem descaracterizar nossa democracia.

Governo Estadual

Questionou-me à respeito da posição do governador do Paraná quanto aos transgênicos. Na minha opinião, a posição do governador é coerente com sua história política mais alinhada à esquerda e esperar que fosse um defensor de uma tecnologia pertencente a uma multinacional realmente seria ingenuidade.

Rotulagem

Também defendi a rotulagem dos produtos transgênicos para que o consumidor tenha o direito de optar por esta ou aquela tecnologia, afinal, tanto a tecnologia convencional quanto a transgênica são legais. Porém, enfatizei que , diante do tamanho do desafio de ampliar a produção de alimentos no futuro, entendo que talvez a população mundial não venha a ter a possibilidade de optar por esta ou aquela tecnologia. Talvez as decisões, ou opções, venham a ser tomadas em função das necessidades imediatas, pressionadas pela expectativa da fome e do desabastecimento.

Porto


Quanto à contratação do irmão para administrar o Porto de Paranaguá, considerando-se tratar-se de uma atribuição legal da autoridade governamental, em minha opinião trata-se de uma decisão de responsabilidade e risco do governador que, à época em que isto ocorreu, ao optar por aquele caminho, assumiu tanto os ônus quanto os bônus de seu ato. A avaliação do acerto ou desacerto fica à cargo do próprio desempenho do familiar e do próprio porto. Como não conheço a operação portuária, não pude avaliar como me foi solicitado a administração do porto em si ,mas lembrei que os exportadores normalmente manifetavam insatisfação pela demora no início dos trabalhos de dragagem do canal, o que poderia comprometer a navegabilidade de navios de grande calado.

Hauly e André Vargas


Ainda durante a entrevista, pediu-me que avaliasse o desempenho dos deputados federais André Vargas e Luis Carlos Hauly. Optei por não fazer avaliação alguma. São dois deputados federais legitimamente eleitos pela população e não sou cientista político ou comentarista político. Essa avaliação, diga-se de passagem, é feita a cada eleição pelos próprios eleitores. A análise de políticas sempre é pertinente, agora, do desempenho pessoal entendo como anti-ético.
Redução da jornada de trabalho
Sou favorável e entendo como um caminho natural do desenvolvimento da nossa oraganização econômica. É claro que este discurso não deve ser tratado como plataforma populista e deve sempre contar com o respaldo da viabilidade, especialmente dos setores públicos que nem sempre estão preparados sob o ponto de vista orçamentário para abrigar avanços de seus próprios quadros ou de suas prestadoras de serviços terceirizadas.
Reforma trabalhista
Quando questionou-me sobre o que penso da reforma trabalhista acabei enveredando por outra seara, a do perfil do estado como um todo. Acredito que deva haver uma reforma trabalhista mas não com uma perda absoluta de direitos e da proteção social que o trabalhador brasileiro possui. O processo deve ser sincronizado com o avanço da capacidade de prestação de serviços sociais do próprio estado, aos moldes dos países nórdicos, chamados de "Estado do Bem-Estar", representados pela Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia. O modelo americano das relações trabalhistas não é o ideal para a realidade brasileira, a realidade de um país ainda em construção da riqueza de sua população.
E muito mais
É que não estou me lembrando, mas falamos sobre muito mais coisas. Muito bom o Vitoretti, estagiário ainda mas, certamente, um grande jornalista em formação.

2 comentários:

  1. Joel Almeida, centro9 de março de 2010 às 21:30

    Você fez muito bem em não comentar o desempenho dos dois deputados londrinenses, até porque o terceiro deputado londrinense, que faltou aí, tem um desempenho muito melhor que os deles e por isso seria deselegante tecer opiniões alheias.
    Parabéns!

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  2. Que beleza. Um assessor do deputado inexistente, se esconde, comenta e diz que aquele que o paga é melhor que os outros.
    Fez bem. Deixa prá lá, há marcolinos demais neste mundo.
    Mas que tal comentar o desempenho do governador?

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