Sou católico. Minha primeira comunhão foi lá na igreja Imaculada Conceição e a minha catequista, se não me engano, a Dona Sebastiana. Dona de uma voz forte e de um "r" mais caipira ainda do que o nosso, cantava determinada ao violão e levava o coral da molecada com ela.
Primeira comunhão
Todo mundo sabe que a primeira comunhão é um marco. É um marco para qualquer criança poder levantar-se, caminhar até o altar e comungar, como os adultos. Isso sem falar na possibilidade de sentir um gostinho do vinho que a gente sempre via que o padre colocava no cálice...Mas a primeira comunhão exige um período de estudo e preparação que somente fica completo com a primeira confissão.
Primeira confissão
"Mas é para contar tudo, tudo mesmo para o padre, Dona Sebastiana?" Era mais ou menos por aí a nossa dúvida de crianças. "Tudinho, não pode faltar nada! Se você estiver com medo de esquecer alguma coisa, escreve em um papel e leva uma colinha...", respondia a Dona Sebastiana. Foi o que fiz.
Lista longa
É evidente que uma criança de 10 anos não pode ter uma ficha corrida de pecados extensa, capaz de romper definitivamente as relações com a igreja ,mas eu resolvi caprichar na minha lista e consegui preencher uma página inteira de caderno. Entreguei ao padre que, silenciosamente, analisou minha lista para depois sorrir e me "receitar" uma ou outra oração, liberando-me para a comunhão.
Repercussão
Agora, a repercussão mesmo foi diante da meninada: afinal, a minha lista era a maior. Meus amigos achavam que eu devia cortar alguma coisa para não me complicar com o padre: "tira isso daí, não precisa falar que você bateu na sua irmã. Pelo menos isso, tira daí!", eles diziam.
Deu certo
No final, deu certo. O padre me liberou, mas o surpreendente é que virei uma referência, uma espécie de ídolo da molecada. Alguém capaz de enfrentar o padre sem esconder nada, incluindo tudo na confissão e, mesmo assim, sair do confessionário pronto para a primeira comunhão e não direto para o purgatório como eles imaginavam. Interessante como essa fase do aprendizado religioso pode ser marcante e definitiva em nossa formação individual.
De cara tem que ter muita coragem, mas aos poucos vai se soltando!!
ResponderExcluirque coisa ridicula. nao tem nada mais interessante pra se postar nao poste.
ResponderExcluirQuero sua promessa que, se eleito for, não vai deixar de lado esse blog adoravelmente sem igual!
ResponderExcluirMinha primeira confissão foi com um padre bem velhinho, de bochechas rosadas, parecia o papai Noel. Contei que furei a bola do meu irmão e pinguei cera de vela no furo, pra ela murchar na hora do jogo, quando a cera caísse...
Ele suspirou fundo para conter o riso e exalou um perfume de vinho tinto que jamais esqueci.