domingo, 1 de agosto de 2010

Primeira comunhão

Sou católico. Minha primeira comunhão foi lá na igreja Imaculada Conceição e a minha catequista, se não me engano, a Dona Sebastiana. Dona de uma voz forte e de um "r" mais caipira ainda do que o nosso, cantava determinada ao violão e levava o coral da molecada com ela.

Primeira comunhão

Todo mundo sabe que a primeira comunhão é um marco. É um marco para qualquer criança poder levantar-se, caminhar até o altar e comungar, como os adultos. Isso sem falar na possibilidade de sentir um gostinho do vinho que a gente sempre via que o padre colocava no cálice...Mas a primeira comunhão exige um período de estudo e preparação que somente fica completo com a primeira confissão.

Primeira confissão

"Mas é para contar tudo, tudo mesmo para o padre, Dona Sebastiana?" Era mais ou menos por aí a nossa dúvida de crianças. "Tudinho, não pode faltar nada! Se você estiver com medo de esquecer alguma coisa, escreve em um papel e leva uma colinha...", respondia a Dona Sebastiana. Foi o que fiz.

Lista longa

É evidente que uma criança de 10 anos não pode ter uma ficha corrida de pecados extensa, capaz de romper definitivamente as relações com a igreja ,mas eu resolvi caprichar na minha lista e consegui preencher uma página inteira de caderno. Entreguei ao padre que, silenciosamente, analisou minha lista para depois sorrir e me "receitar" uma ou outra oração, liberando-me para a comunhão.

Repercussão

Agora, a repercussão mesmo foi diante da meninada: afinal, a minha lista era a maior. Meus amigos achavam que eu devia cortar alguma coisa para não me complicar com o padre: "tira isso daí, não precisa falar que você bateu na sua irmã. Pelo menos isso, tira daí!", eles diziam.

Deu certo


No final, deu certo. O padre me liberou, mas o surpreendente é que virei uma referência, uma espécie de ídolo da molecada. Alguém capaz de enfrentar o padre sem esconder nada, incluindo tudo na confissão e, mesmo assim, sair do confessionário pronto para a primeira comunhão e não direto para o purgatório como eles imaginavam. Interessante como essa fase do aprendizado religioso pode ser marcante e definitiva em nossa formação individual.

3 comentários:

  1. De cara tem que ter muita coragem, mas aos poucos vai se soltando!!

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  2. que coisa ridicula. nao tem nada mais interessante pra se postar nao poste.

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  3. Quero sua promessa que, se eleito for, não vai deixar de lado esse blog adoravelmente sem igual!

    Minha primeira confissão foi com um padre bem velhinho, de bochechas rosadas, parecia o papai Noel. Contei que furei a bola do meu irmão e pinguei cera de vela no furo, pra ela murchar na hora do jogo, quando a cera caísse...
    Ele suspirou fundo para conter o riso e exalou um perfume de vinho tinto que jamais esqueci.

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