domingo, 17 de outubro de 2010

Agricultura do século XXI

O texto abaixo é de 2009:

A Agricultura do séc. XXI

Qual será o papel da agricultura nas próximas décadas? Quais serão os desafios que o agricultor deverá enfrentar para atender as expectativas que a sociedade deposita sobre nós? Historicamente, sempre coube à agricultura a missão de produzir alimentos mas, atualmente, a agricultura já convive com a ampliação da abrangência de suas atribuições.

Como se não bastasse a ampliação destas atribuições, o desafio do abastecimento mundial de alimentos assume contornos dramáticos. Hoje, somos cerca de 6,6 bilhões de habitantes e deveremos atingir os 9 bilhões em 2050. Calcula-se que este aumento da população e do poder aquisitivo médio exigirá um incremento na ordem de 70% da produção até aquela data. Há , ainda, um fato absolutamente inédito na história da humanidade: nunca, até então, a população urbana fora maior que a rural e isto tornou-se fato desde o ano passado. Existem mais pessoas vivendo nas cidades do que nos campos de nosso planeta pelas primeira vez na história da humanidade. Isto, por si só, implica em uma necessária maior eficiência na produção agrícola pois seremos cada vez menos, produzindo para um número cada vez maior de consumidores.

Sob o ponto de vista ambiental, estaremos cada vez mais pressionados pelas políticas de proteção ao meio ambiente. Se no passado a expansão das fronteiras agrícolas garantia velocidade ao aumento na produção mundial de alimento, políticas públicas preservacionistas já não permitem este tipo de resposta da produção. Mesmo que não haja impedimentos legais para a inclusão de novas áreas agrícolas, parques florestais e reservas indígenas estrategicamente localizadas criam empecilhos logísticos que viabilizam apenas a produção de alimentos voltada a mercados locais e próximos dessas áreas agrícolas.Seremos produtores de florestas?Seremos os futuros coletores e guardiões do carbono?Nossas florestas, naturais ou plantadas, farão o papel de lastro carbônico às emissões de gases de efeito estufa emitidos durante os processos industriais?Muito provavelmente. Contudo, maiores serão essas atribuições quanto menor for nossa participação na composição da matriz energética mundial.

A produção do etanol, de biodiesel, das biomassas de diversas origens deverão ocupar cada vez maior importância na atividade agropecuária. Compromissos multilaterais de combate ao aquecimento global deverão criar novas demandas para as energias renováveis de origem agrícola, mesmo considerando-se que as reservas mundiais de combustíveis de origem fóssil possam ser recompostas através de novas descobertas ao redor do globo.Aparentemente, a opção pelas energias renováveis não se dará pela simples exaustão das fontes energéticas tradicionais.

Compreendermos que nossas atribuições já não se limitam a produzir alimentos , mas também produzir preservação e energia, talvez seja nosso maior desafio.Conciliar esta tripla missão de forma a não permitir desequilíbrios exigirá políticas públicas minuciosamente planejadas e nossas lideranças deverão protagonizar as discussões pertinentes à questão .Garantir que a renda das cadeias produtoras de alimentos, de serviços ambientais e energia não seja desproporcionalmente abocanhada pelas grandes corporações multinacionais, inclusive as brasileiras, será responsabilidade do governante comprometido com a agricultura brasileira.

Um comentário:

  1. O estado deve olhar a produção agropecuaria como um bem precioso , lábil, sensível e de difícil recuperação, pois levam - se geracões para se recompor ou remediar o estrago causado por ideologias e ou modismos cientificamentes pouco embasados.
    Uma vez expulso, por razões financeiras ou pela impossibilidade do cumprimento de regras ideologicas ,esta cadeia de produtores rurais, o dano estará feito, simplesmente pelo fato de que grandes corporações assumirão o papel de produtores de alimento, nos deixando ainda mais dependentes de sua única razão de existir , o lucro.
    O estado deve entender que a simples produção de alimento não é mais aceitavel , deve prover condições necessárias para que o alimento gere , fartura para quem vende e compra ,meio ambiente preservado, com o custo da preservação equanimimente dividido por todos que dele se beneficiam.
    Deve tambem propiciar meios para que o alimento seja transformado em outros produtos no próprio estado , deixando assim o lucro, empregos, impostos e tecnologia da transformacao onde o alimento foi produzido.
    Existe uma frase que se atribui a Cicero que e mais ou menos assim " um povo faminto não da ouvidos a razaõ sequer a orações".Não conheço ningue que viva de energia elétrica ou combustível, a não ser os da música do Chico Buarque onde os meninos comiam luz ...
    Há muito se diz que o Brasil é o celeiro do mundo, ótimo; só lembrando, este celeiro deve ser cheio de alimento , bem estar, qualide de vida, educação , saúde, dignidade e fé.
    De um produtor rural, ainda apaixonado pelo campo e seu país.
    Beto Barros

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